sábado, 11 de setembro de 2010

Pesquisa Datafolha

Estável, Dilma tem 56% dos votos válidos


Vantagem da petista sobre José Serra é de 23 pontos; quadro está praticamente inalterado desde 23 de agosto

Candidata do PT tem 50% dos votos totais contra 27% do tucano e 11% de Marina; quadro é de vitória no 1º turno

FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA

Pesquisa Datafolha realizada nos dias 8 e 9 mostra estabilidade na disputa pela Presidência: Dilma Rousseff (PT) tem 50% e José Serra está com 27%. A diferença entre eles é de 23 pontos.

Em levantamento nos dias 2 e 3, Dilma também tinha 50%. Serra tinha 28% e oscilou negativamente um ponto. A margem de erro máxima da pesquisa é de dois pontos, para mais ou para menos.

O quadro permanece estável desde o fim de agosto.

Marina Silva (PV) está com 11%. Votos brancos, nulos ou em nenhum somam 4%. Os que não sabem são 6%.

A revelação de que a filha do candidato do PSDB, Veronica Serra, teve o sigilo fiscal quebrado não alterou o quadro geral da disputa.

Encomendada pela Folha e pela Rede Globo, a pesquisa Datafolha ouviu 11.660 eleitores com 16 anos ou mais em 414 municípios, em todas as unidades da federação.

De acordo com o Datafolha, se a eleição fosse hoje, Dilma venceria no primeiro turno com 56% dos votos válidos (os que são dados aos candidatos). Serra teria 30%. Marina fica com 13%.

Apesar da estabilidade nos seus números gerais, o levantamento traz alguns indícios de alterações nas curvas de Serra e de Marina.

Piorou a situação de Serra em Minas, segundo colégio eleitoral do país. Em 23 e 24 de agosto, ele tinha 29% e Dilma, 48%. Agora, ela foi a 51% e ele a 24%. A diferença subiu de 19 para 27 pontos.

Caiu também outro bastião serrista: Curitiba, a única capital de Estado pesquisada pelo Datafolha na qual o tucano tinha vantagem sobre a petista.

Na pesquisa anterior, Serra tinha 40% contra 31% de Dilma. Agora, ela está com 36% e ele desceu para 35%.

Essas quedas regionais do tucano refletem a curva geral. Ele saiu de 30% em 20 de agosto para os atuais 27%.

Já a verde Marina Silva também está estável de maneira geral, mas ganhou pontos entre os mais escolarizados (saiu de 19% e foi a 23%) e entre os que têm renda acima de dez salários mínimos mensais (de 14% para 20%).

Em alguns segmentos, Marina se aproxima de Serra. Entre os que têm renda média de cinco a dez salários por mês, a verde está com 21% contra 27% do tucano.

Marina mantém 10% entre os eleitores que avaliam o governo Lula "bom" ou "ótimo". Serra teve 34% dos votos lulistas. Hoje tem 20%.

Folha de São Paulo, 11/09/2010

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Explicando o óbvio

"É a economia, estúpido!"

(James Carville, marqueteiro da campanha de Clinton em 1992)


Tudo indica que Dilma Rousseff vencerá a campanha presidencial no primeiro turno. Não é difícil entender as razões. Quase tudo se explica pelo sucesso do Governo Lula, particularmente na economia.

Lula conseguiu construir o melhor dos mundos. Preservou os interesses dos banqueiros, pagando a maior taxa de juros do mercado financeiro internacional na remuneração dos títulos da dívida pública. Cooptou as grandes empreiteiras, através de relevantes investimentos em obras de infra-estrutura que podem ser simbolizados pelo PAC - Plano de Aceleração do Crescimento. Atendeu os interesses das grandes empresas, por intermédio de generosos e subsidiados empréstimos do BNDES, sob o pretexto de financiar empresas brasileiras para se tornarem líderes mundiais em seus respectivos mercados.

Mas a jogada de mestre foi a "criação de um mercado interno de consumo de massas", sempre preconizado pelo PT, elevando a capacidade de consumo das assim chamadas "classes C, D e E" através de políticas sociais de transferência direta de renda tais como o Bolsa Família, ou da correção do valor do salário mínimo acima dos índices inflacionários, ou da expansão da base da Previdência Social, ou ainda da muito relevante ampliação do crédito subsidiado para a agricultura familiar através do PRONAF.

Assim, simultaneamente, melhorou o poder de compra de milhões de brasileiros, que ingressaram no mercado consumidor, e possibilitou maiores ganhos ao setor empresarial, que expandiu seus negócios para atender essa nova demanda.

Além disso, manteve sob controle os "movimentos sociais" tradicionais (as centrais sindicais, a UNE, o MST, dentre outros), que passaram a receber um volume extraordinário de recursos públicos, sob a condição de total e completa domesticação.

Isso explica porque não existe oposição relevante contra o Governo Lula, apesar dos problemas na saúde, na educação, na segurança pública, no saneamento, no transporte urbano, no déficit habitacional, na corrupção política, etc.

A questão é: até quando poderá ser mantida esta situação? Indicadores mostram que há um grande crescimento no "endividamento das famílias", enquanto o "consumo das famílias", a grande mola-propulsora do crescimento econômico recente até mesmo num cenário de crise financeira internacional, começou a declinar. Aumenta também o déficit público, a despeito da elevada carga tributária e dos recordes de arrecadação. Aproxima-se a hora do acerto de contas!

Mas Lula vai deixar o problema para Dilma. Quando vier o arrocho, muita gente vai pensar: "Bom mesmo era no tempo do Lula. Tinha emprego, salário, inflação baixa, a gente podia comprar televisão, geladeira, celular, moto, etc." Será a chave para o movimento "Volta Lula". Logo mais, em 2014.

Mas seria injusto atribuir todo o mérito apenas à política econômica de Palocci, Mantega e Henrique Meirelles.

Lula também tem seu mérito particular. Além de ser uma liderança carismática com incrível capacidade de comunicação popular, é um arguto negociador político e estrategista eleitoral.

Lula construiu uma estratégia e a executou rigorosamente:
(a) cuidou para que seu governo tivesse a melhor avaliação possível;
(b) manteve os aliados tradicionais e trouxe o PMDB, garantindo o maior tempo de TV;
(c) controlou completamente o PT, a ponto de impor a candidata que desejou;
(d) inviabilizou a candidatura do Ciro;
(e) interviu nos palanques estaduais para garantir chapas competitivas em todos os estados;
(f) beneficiou e depois pressionou os empresários para obter doações de campanha, arrecadando o dobro da soma dos demais candidatos;
(g) operou, no momento oportuno, para inflar a candidatura do Serra e esvaziar a do Aécio, "escolhendo" o adversário mais fácil de derrotar;
(h) isolou a oposição, a ponto de ninguém querer ser identificado como "de oposição".

São esses dois fatores que explicam, sinteticamente, a situação atual de favoritismo de Dilma. Dilma é o produto desta estratégia. Poderia ser qualquer outra pessoa escolhida por Lula. Nenhum líder político constrói sucessores que possam ameaçar sua própria liderança. Lula escolheu Dilma porque não vê nela uma ameaça. Ponto.

Dilma vencerá porque os eleitores estão satisfeitos com o Governo Lula e desejam sua continuidade. Lula conseguiu comunicar aos eleitores que Dilma é a continuidade do Governo Lula. A oposição foi anulada por sua própria incapacidade de explicar o presente e oferecer uma proposta sedutora de futuro. Ninguém troca o certo pelo duvidoso. Dilma é mais do mesmo. Então tá bom. Deixa assim.

Só não me venham com nenhuma conversa mole de querer atribuir algum caráter inovador, progressista ou de esquerda para a candidatura Dilma. É a candidata dos banqueiros, das empreiteiras, do grande empresariado, dos "movimentos sociais" cooptados e silenciados, dos partidos acomodados aos seus cargos no Governo, da campanha milionária, da militância remunerada, do PT rendido à lógica da manutenção do poder a qualquer custo. Ignorar isso é apenas uma forma cínica ou ingênua de auto-engano.

Juarez de Paula

Limites do crescimento

10% verde


Candidatura de Marina Silva esbarra nos limites da agenda ambiental, incapaz de romper a onda desenvolvimentista cavalgada por Lula e Dilma

Aos poucos se torna evidente que a candidatura da ex-ministra do Meio Ambiente e senadora Marina Silva (PV) à Presidência da República esbarrou num teto de cerca de 10% nas pesquisas de intenção de voto. O desempenho limitado, até agora, decorre da precariedade de sua campanha, sobretudo do diminuto tempo de TV, em comparação com os adversários do PT e do PSDB.

No entorno da candidata verde, e mesmo fora do círculo de sua campanha, havia certa expectativa de que mensagens mais programáticas e substanciais poderiam romper a moldura plebiscitária da eleição. O cerco marqueteiro ao debate de propostas logrou substituí-las por imagens irreais e promessas sem lastro.

Com o apoio de novas mídias, esperavam os verdes galvanizar parcelas crescentes do eleitorado, a começar pelos jovens. Estes estariam mais abertos a considerar as questões centrais do país sob a ótica da sustentabilidade, com ênfase em problemas ambientais.

Em lugar de crescimento pelo crescimento, Marina se pauta por uma noção de desenvolvimento mais larga. Para além da economia, incorpora a ela temas como qualidade de vida, realizações humanas e preservação de recursos naturais para gerações futuras.

A julgar pela reação do eleitorado até aqui, a mensagem verde não ecoou. Nem mesmo entre os que têm de 16 a 24 anos a candidata do PV alcança vantagem significativa. Segundo o Datafolha, 20% das intenções de voto que lhe são dedicadas provêm dessa faixa etária, fatia praticamente igual à representada pelo grupo no total da amostra (19%).

Além de não sensibilizar a juventude, Marina Silva tampouco consegue falar para o Brasil demograficamente mais relevante. As intenções de voto que atrai se concentram nas camadas de maior escolaridade e renda nas capitais. No Nordeste, por exemplo, sua penetração é diminuta.

Junto à população mais pobre do país, não há páreo para o efeito avassalador da progressão do salário mínimo e da distribuição de benefícios sociais como Bolsa Família. Para esses brasileiros, é indubitável que a vida melhorou nos oito anos de governo Lula. Os dividendos políticos do avanço social são colhidos por Dilma Rousseff nas urnas.

José Serra não tem conseguido conter a maré lulista, mesmo comprometendo-se a manter seu curso. Não se concebe, assim, que Marina Silva, só com um partido débil e propostas de rever a própria noção de crescimento econômico (o que para muitos se traduz como um esforço para contê-lo), possa ter mais sucesso.

Marina abriu mão de uma reeleição mais ou menos tranquila para o Senado em favor de uma candidatura presidencial com chances mínimas. Atribuiu-se a missão de aprofundar o debate, muito necessário, sobre qual feição assumiria o desenvolvimento do país em direção a uma economia de baixo carbono.

Serão necessárias uma ou mais eleições para que Marina Silva consiga se fazer ouvir. Nada demais para quem passou 16 anos no Senado e no governo falando quase sempre para as paredes.

Editorial da Folha de São Paulo, 06/09/2010

domingo, 5 de setembro de 2010

Pesquisa Datafolha

Dilma tem 50% e Serra 28%, diz Datafolha


Apesar da estabilidade na pesquisa, número de eleitores que acham que petista vai ganhar sobe de 63% para 69%

Quadro fica estável pela 1ª vez desde início do horário na TV; Marina tem 10%; em eventual 2º turno, Dilma venceria

FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA

Pesquisa Datafolha realizada ontem e anteontem em todo o país mostra estabilidade no quadro eleitoral: Dilma Rousseff (PT) oscilou de 49% para 50% em uma semana, e José Serra, que estava com 29%, tem 28%. Marina Silva (PV) está com 10%, contra 9% da semana anterior.

É a primeira vez desde o início do horário eleitoral que não há grandes mudanças no quadro da disputa presidencial. As pequenas oscilações foram todas dentro da margem de erro (de dois pontos percentuais).

Os que pretendem votar em branco, nulo ou nenhum são 4%. E 7% estão indecisos. Candidatos de partidos pequenos não chegam a 1%.

Em capitais e regiões metropolitanas ocorre o melhor desempenho de Marina Silva. Ela chega a 14%, contra 27% de Serra e 47% de Dilma.

Se a eleição fosse hoje, pelo Datafolha, a candidata do PT venceria no primeiro turno. Teria mais de 50% dos votos válidos -os dados apenas aos candidatos, descontados os brancos e os nulos.

Nessa conta de votos válidos, Dilma tem 56%. Serra tem 32%. Marina vai a 11%. Os percentuais são semelhantes aos da semana passada: 55%, 33% e 10%.

Num eventual segundo turno, a petista também venceria o tucano por 56% a 36% dos votos. Haveria 5% votando em branco, nulo ou nenhum e 4% ainda indecisos.

Na pesquisa espontânea, quando os entrevistados falam em quem desejam votar sem ver uma lista de nomes, Dilma marcou 38% contra 35% na semana passada, indicando que sua tendência de alta continua.

Serra oscilou apenas dentro da margem de erro na sondagem espontânea, indo de 18% para 19%. Marina saiu de 5% e foi a 6%.

Há outros dois indicadores relevantes que foram positivos para Dilma: a taxa de rejeição dos candidatos e a percepção de vitória por parte do eleitorado. A petista é rejeitada por 21% dos eleitores. Tinha 19% na semana passada.

Já Serra, era rejeitado por 24% em julho. Foi a 28% no começo de agosto. Agora, 31% dizem que não votariam no tucano de jeito nenhum.

Marina Silva é rejeitada por 17% -tinha 16% na semana passada.

Quando o Datafolha pergunta quem o eleitor acredita que vai vencer a eleição presidencial de 3 de outubro, Dilma continua sendo a escolhida pela maioria. Hoje, 69% dizem que a petista vai ganhar. Na semana passada, o percentual era de 63%.

Só 15% acham que Serra será o vencedor -pouco mais da metade dos que declaram voto no tucano. No caso de Marina Silva, 1% acredita na sua vitória.

Segundo o Datafolha, 51% declararam ter assistido os programas do horário eleitoral -contra 39% na semana anterior. Isso significa que muitos eleitores tomaram conhecimento dos fatos dos últimos dias, inclusive do vazamento de dados fiscais sigilosos da Receita Federal.

Folha de São Paulo, 04/09/2010

Pesquisa IBOPE

Tucano está a 24 pontos de petista, diz Ibope


DE SÃO PAULO

A pesquisa Ibope divulgada ontem aponta que a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, tem 51% das intenções de votos contra 27% de José Serra (PSDB), o mesmo da pesquisa anterior feita entre 24 e 26 de agosto.

Marina Silva (PV) oscilou de 7% para 8%. Brancos e nulos somam 6%, e indecisos são 7%. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.

A pesquisa, que foi feita de 31 de agosto a 2 de setembro entre 3.010 eleitores, foi encomendada pela TV Globo e pelo jornal "O Estado de S. Paulo".

Folha de São Paulo, 04/09/2010