segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Ameaça de retrocesso na legislação ambiental

CÓDIGO AMBIENTAL RURALISTA

A Câmara dos Deputados instalou recentemente uma Comissão Especial criada para analisar as propostas de alteração do Código Florestal, incluindo o projeto de Lei de Código Ambiental de autoria do presidente da Frente Parlamentar Ruralista e que pretende revogar e alterar as principais leis ambientais brasileiras: lei de crimes ambientais, Código Florestal, lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação e lei da Política Nacional de Meio Ambiente

O processo de instalação dessa Comissão, que levou a uma composição notoriamente tendenciosa, formada por maioria de membros da bancada ruralista e que, portanto, não representa a diversidade de setores da sociedade brasileira interessada na sustentabilidade do nosso desenvolvimento, aponta para intenções retrógradas de eliminar direitos e flexibilizar garantias socioambientais conquistadas ao longo dos últimos 21 anos de vigência da Constituição Federal brasileira de 1988.

Nos últimos meses o governo brasileiro e o Congresso Nacional tomaram decisões temerárias sobre a legislação ambiental. A revogação da legislação da década de 1990 que protegia as cavernas brasileiras; a aprovação da MP 458 que incentivou a grilagem de terras, a concentração fundiária e o avanço do desmatamento ilegal na Amazônia; a edição do Decreto 6848, que, ao estipular um teto para a compensação ambiental de grandes empreendimentos, contraria decisão do Supremo Tribunal Federal, que vincula o pagamento ao grau dos impactos ambientais.

Além disso, o governo brasileiro tem negligenciado a política ambiental, mantendo paralisados na Casa Civil da Presidência da República várias propostas de criação de unidades de conservação.

As organizações da sociedade brasileira abaixo assinadas denunciam esse ataque à legislação ambiental. É inaceitável que às vésperas da reunião da Convenção de Clima, em Copenhague, momento em que o Brasil discute compromissos de redução do desmatamento, e das emissões de gases causadores do efeito estufa, o Congresso Nacional tente promover retrocessos na legislação ambiental.

Os compromissos de redução de desmatamento que o Brasil assumiu não serão alcançados e as áreas hoje ambientalmente comprometidas jamais serão recuperadas se o marco regulatório existente for desconfigurado, como propõe a Bancada Ruralista com a conivência e o apoio da base do Governo no Congresso Nacional.

Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento Sustentável - FBOMS
Grupo de Trabalho Amazônico - GTA
Rede de ONGs da Mata Atlântica - RMA
Fórum Carajás
Assembléia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro - APEDEMA-RJ
Associação Alternativa Terrazul
Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida - APREMAVI
Associação de Proteção ao Meio Ambiente - APROMAC
Centro de Estudos Ambientais - CEA
Ecologia & Ação - ECOA
Fundação Vitória Amazônica - FVA
Greenpeace
Grupo Ambientalista da Bahia - GAMBA
Grupo de Defesa e promoção Socioambiental - GERMEN
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor - IDEC
Instituto Centro Vida - ICV
Instituto de Estudos Socioeconômicos - INESC
Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola - IMAFLORA
Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia - IMAZON
Instituto Ipanema
Instituto Socioambiental
Instituto Socioambiental da Baía da Ilha Grande - ISABI
4 Cantos do Mundo
Mater Natura - Instituto de Estudos Ambientais
Movimento pela Despoluição, Conservação e Revitalização do Rio do Antônio - MODERA
Programa da Terra - PROTER
TNC
WWF Brasil

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A TARDE (BA) comenta pesquisa IBOPE

Ibope: Dilma melhora, mas Ciro mostra força


Paixão Barbosa - A Tarde (BA) – 22/10/2009

Como aconteceu na pesquisa CNI/Ibope, em setembro, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff e o deputado federal Ciro Gomes (PSB-SP) aparecem com um empate técnico numa pesquisa realizada pelo mesmo instituto, encomendada pelo PSDB, mas com a provável candidata do PT à frente do socialista. Dilma surge com 17% enquanto Ciro fica com 16% das intenções de voto no cenário que tem o governador de São Paulo, José Serra, como candidato a presidente. Aliás, a maior novidade desta pesquisa (que ouviu 2002 pessoas e tem uma margem de erro de apenas 2 pontos percentuais) é justamente Serra, que voltou para a casa dos 40% das intenções de voto, depois de ter descido para 38% na consulta anterior. Por ser encomendada pelo PSDB, a pesquisa não perde em credibilidade, mas, como tenho alertado sempre, toda consulta de opinião deve ser vista como algo relativo e não considerada como uma determinação absoluta. Até porque ainda faltam 11 meses para a eleição.

Como um dos principais interesses dos tucanos era medir a competitividade dos seus dois nomes que disputam a indicação, o Ibope montou dois cenários: um com Serra e outro com Aécio Neves, governador de Minas. Vejam como ficaram:

Cenário 1

1º José Serra - 41%; 2º Dilma Rousseff - 17%; 3º Ciro Gomes - 16%; 4º Marina Silva (PV) - 9%; Brancos e nulos - 9%; Não sabe - 8%.

Cenário 2

1º Ciro Gomes - 26%; 2º Aécio Neves - 19%; 3º Dilma Rousseff - 19%; 4º Marina Silva - 11%; Brancos e nulos - 14%; Não sabe - 11%.

Como se vê, pelos números do cenário 2, Ciro Gomes continua a ser competitivo e Aécio Neves não parece mesmo empolgar o eleitorado de oposição, o que deixa José Serra numa condição cada vez mais confortável como provável candidato à Presidência.

Outro dado interessante a observar é que a senadora Marina Silva continua numa linha ascendente desde que seu nome foi lançado e pode começar a entrar nas vizinhanças dos que estão à sua frente. Ela ganhou mais força depois que a ex-senadora Heloísa Helena (PSOL) anunciou que não concorrerá ao Palácio do Planalto e sim ao Senado.

E, por fim, Dilma Rousseff parou de cair, mas não cresceu (sua ascensão se deu dentro da margem de erro da pesquisa). A seu favor consta o fato de que a consulta não refletiu ainda o efeito dos últimos movimentos da ministra - vinda a Salvador e viagem pelo São Francisco – que lhe deram grande visibilidade, positiva (as entrevistas foram feitas entre os dias 1 e 5 de outubro, enquanto as viagens aconteceram depois disto).

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Aliança PV - PSOL

Heloísa Helena costura acordo com o PV para 2010

GUSTAVO URIBE - Agencia Estado

SÃO PAULO - Ao sinalizar que pretende concorrer ao Senado Federal em 2010, a ex-senadora Heloísa Helena caminha agora para uma articulação com o PV com vistas ao apoio à candidatura de Marina Silva ao Palácio do Planalto. A presidente nacional do PSOL sugeriu durante reunião da Executiva Nacional da legenda, na noite da sexta-feira, a abertura de negociações formais com o PV para as eleições gerais de 2010. A proposta de criação de um canal de diálogo com os verdes será deliberada no próximo dia 7, em uma nova reunião da Executiva em São Paulo.

À espera da chancela do partido sobre a sua participação na disputa ao Senado, que será dada em convenção apenas no mês de março, a presidente do PSOL trabalha pelo apoio do partido àquela que é sua candidata preferida à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O nome de Heloísa ao Senado é questão praticamente consolidada", antecipou o secretário-geral da sigla, Edilson Silva. "Na próxima reunião da Executiva, no dia 7, vamos deliberar a questão de uma eventual aliança com o PV", completou.

A costura de uma aliança entre PSOL e PV em torno do nome de Marina Silva se estende informalmente desde setembro. A pedido de lideranças da sigla favoráveis ao acerto, o senador José Nery (PA) e o deputado federal Ivan Valente (SP) vinham dialogando com a ex-ministra do Meio Ambiente sobre a proposta. Amiga de longa data de Marina, Heloísa tomou as rédeas da negociação no começo de outubro, quando o ex-governador de Alagoas Ronaldo Lessa (PDT) sinalizou que concorrerá ao Executivo estadual. A movimentação facilitaria a eleição de Heloísa a uma das duas vagas ao Senado no pleito de 2010.

Embora parte da Executiva do PSOL seja favorável a uma aliança com o PV, a hipótese de sacrificar uma candidatura própria à Presidência da República não é consenso entre as lideranças do partido. Na corrida pela indicação da legenda ao Palácio do Planalto, disputam o ex-deputado federal Milton Temer (RJ) e os militantes históricos Plínio de Arruda Sampaio e Martiniano Cavalcante.

Favorito entre os nomes da sigla, Milton vem comandando desde o mês passado um movimento favorável à candidatura própria e contra o apoio ao nome de Marina. "(Milton)Temer é um bom nome, mas não tem recall eleitoral", minimizou uma das lideranças do PSOL. "A candidatura de Marina responde mais aos interesses da legenda", emendou.

Xadrez Eleitoral

Sem o nome de Heloísa Helena na disputa à Presidência da República, o xadrez eleitoral para 2010 ganha novo formato. O cenário daria impulso aos presidenciáveis Marina Silva e Ciro Gomes (PSB) e prejudicaria a virtual candidata petista, Dilma Rousseff.

A última pesquisa de intenções de voto, da CNI/Ibope, indica que, excluindo o nome de Heloísa da simulação, Serra lidera com 35%, Ciro Gomes aparece com 17%, Dilma Rousseff soma 15% e Marina Silva, 8%. Com Aécio no lugar de Serra e sem Heloísa, Ciro lidera com 28%, seguido de Dilma com 18%, Aécio com 13% e Marina com 11%. Com ela no páreo, num cenário com Serra, Dilma, Ciro e Marina, a presidente do PSOL aparece com 8%.

sábado, 17 de outubro de 2009

Discutindo o Brasil em Copenhagen

Nota Pública da Campanha TicTacTicTac

São Paulo, 15 de Outubro de 2009

Frente à notícia divulgada ontem (14/10/09) de que a ministra Dilma Rousseff exigiu a revisão da proposta apresentada pelo Ministério do Meio Ambiente para que fosse minimizado o compromisso sugerido de redução das emissões de gases de efeito estufa a ser apresentado durante a CoP 15*, a coordenação da Campanha TicTacTicTac - tendo em conta as reivindicações expressas em seu manifesto, subscrito por dezenas de organizações representativas dos mais variados setores da sociedade brasileira - vem a público alertar para o que se segue:

1. O argumento de precisar emitir mais gases de efeito estufa em decorrência de um objetivo de taxas mais elevadas de crescimento econômico coloca o Brasil na contramão da história. O desenvolvimento econômico é necessário, mas só faz sentido se acompanhado de real melhoria na qualidade de vida, conquistada de forma sustentável. Inflar o PIB fomentando tecnologias que em breve serão obsoletas impulsiona nosso país para o passado, e não para o futuro. O desafio que pode de fato ajudar o país é sim o crescimento, mas com qualidade e sustentabilidade. Com inovação e visão de futuro, que coloquem o Brasil na vanguarda do século XXI.

2. As metas anunciadas pelo Ministério do Meio Ambiente - aparentemente calcadas exclusivamente na contenção do desmatamento - são boas na medida em que acenam com compromissos de que há muito o Brasil precisa, mas totalmente insuficientes. Por um lado, há consistentes demandas para reduções ainda mais significativas do desmatamento, que devem ser ouvidas. Por outro, é imprescindível que, além disso, sejam estabelecidas metas de aumento da eficiência (produção versus emissões de gases de efeito estufa) também para os setores energético, de transportes, industrial, agrícola, de serviços e tantos outros. Serão essas metas que orientarão os investimentos públicos e privados rumo a uma economia moderna e sustentável. Negá-las é um desserviço ao país e um apego inaceitável ao atraso. É jogar no lixo as inúmeras oportunidades de empregos "verdes" e de renda em atividades social, econômica e ambientalmente sustentáveis, que hoje se descortinam. Portanto, requeremos das autoridades brasileiras posturas à altura do momento que vivemos e das suas responsabilidades históricas, perante as presentes e futuras gerações. Chamamos a atenção especialmente do presidente Lula e dos Ministros responsáveis pela articulação da posição brasileira em Copenhague, para que se guiem pelos reais interesses do país, não se rendendo aos interesses de curto prazo. É mais do que tempo de os governantes assumirem, aqui e agora, posturas para a construção de um futuro sustentável e digno para todos.

Rubens H. Born - rborn@vitaecivilis.org.br - pela coordenação geral da campanha (11-8244-7918)

Aron Belinky - aron@ecopress.org.br - coordenador executivo da TicTacTicTac (11-8181-9336)

Assessoria de Imprensa: Verônica Marques - (21-9981-0211)

*15ª Conferencia das Partes da Convenção de Mudança de Clima - 07 a 18/12/09, em Copenhagen

Visite www.tictactictac.org.br - assine e multiplique nosso abaixo-assinado!

Esther Neuhaus
Gerente Executiva
FBOMS - Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
SCS, Quadra 08, Bloco B-50
Edifício Venâncio 2000, Sala 105
CEP 70333-900 Brasília, DF – Brasil
Fone: (61) 3033.5535 ou 3033.5545
http://www.fboms.org.br/

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Invencionice cearense - cultura brasileira viva!

Quem quer fazer a festa do Saci ?


As festas do Dia do Saci crescem por todo o Brasil a cada 31 de outubro. O enfrentamento irreverente que os brasileiros fazem com o seu mito mais famoso ao Halloween do consumismo norte-americano ainda é desigual, mas é divertido. No Ceará, o Departamento de Patrimônio Imaterial da Secretaria de Estado da Cultura vem realizando um dia todo de festa na Biblioteca Pública, o município de Fortaleza instituiu o Dia do Saci em seu calendário oficial (PL nº 0189/2007) e a sacizada tem se espalhado aos pulos e redemoinhos por vários municípios do interior.


Desde que lancei o livro “A Festa do Saci” (Cortez Editora, 2007), no qual relato a história da libertação do Saci do calabouço da sociedade de consumo, por seres imaginários de todo o planeta, que muita gente me pergunta interessada como é mesmo que se faz uma festa do Saci. Respondo que a vantagem dessa festa é não ter fórmulas, cada qual faz a sua, do jeito que quiser. Nas áreas públicas há brincadeiras de corrida numa perna só, contação de histórias de assombração, apresentações teatrais e musicais performáticas, passeios saciclísticos, lanches coletivos, oficinas de bonecos de Saci e outras animadas sacizisses.


Mesmo assim, deu vontade de experimentar como seria uma festa do Saci em casa, na rua, no condomínio, no clube, no sítio, na casa de praia. Afinal, as bruxas do Halloween atacam é nesses espaços privados, levadas pelo cinema, tevê e internet. E foi convicto do quanto precisamos criar oportunidades para as crianças, especialmente as urbanas, vivenciarem o mito do Saci, que acabamos inventando na nossa casa uma festa do Saci, para ver como é mesmo, para experienciar com amigos esse encantador ritual de inversão e para poder sair contando a quem quer que queira fazer a sua própria festa do Dia do Saci.


A primeira coisa que fizemos foi transformar a quadra de futebol do condomínio em um capoeirão. Com o apoio do José Adjafre, que é um cenógrafo com trejeitos de saci, colocamos folhas secas no chão, jarros com muitas plantas e a iluminação foi toda feita com tochas de lamparinas. Ao fundo da quadra, emoldurada pela trave de futebol, ele fez um desenho enorme da cabeça de um saci, que serviu de imagem de fundo para os momentos de contação de histórias arrepiantes inventadas na hora pelas próprias crianças.


Foram escolhidas 77 imagens de Saci para serem projetadas e 77 músicas para animar a festa, porque 77 é a idade que uma pessoa pode virar Saci, se tiver conseguido continuar imaginativa depois dos 7 anos. Conseguimos 77 imagens diferentes de saci, com o pesquisador Vladimir Sacchetta, feitas nos mais impensáveis estilos plásticos e gráficos, por artistas como André Le Blanc, Angeli, Glair Arruda, J.U.Campos, Lobo, Marcus Cartum, Monteiro Lobato, Ohi, Paulo Caruso, Sônia Magalhães, Voltolino e Ziraldo. Essas imagens foram projetadas em um telão, apoiado no poste da rede de voleibol. Da tela que cobre a quadra, saltavam fitas coloridas anunciando as brincadeiras do vento à espera do assobio do Saci.


A DJ Renatinha montou sua parafernália no meio do mato. E, assim, como ocorreu com as imagens, o repertório musical foi composto pelos mais variados gêneros e estilos, tendo como ponto em comum apenas o caráter lúdico. Tocou Cássia Eller (A Cuca te pega), Itamar Assumpção (Adeus Pantanal), Karnak (Alma não tem cor, O Mundo, Ai, ai, ai, ai, ai), Suzana Salles (A mulher do atirador de facas, Zé Pelintra), Bia Bedran (As caveiras, Dona Árvore, Flor do Mamulengo, Pato Injuriado, Quintal), Ná Ozzetti (Atlântida), Diana Pequeno (Camaleão), Adriana Calcanhotto (Esquadros, Lig lig lig lé), Raul Seixas (Carimbador maluco), Tom Zé (Companheiro Bush), Paula Tesser e Valdo Aderaldo (Sou mais no tempo do Figueiredo), Kleiton e Kledir (Canção da meia noite), Madan (Emprego, O Bife, Letra Mágica, Patacoada, Gato da China), Balão Mágico (Super Fantástico, ET tererê) e Moisés Santana (Gentileza).


E a festa que rolou das 19 até as 22 horas tocou ainda Carol e os Malucos (Itsy bitsy spider, La bella polenta), Los patita de perro (La fiesta, Las tortugas), Toquinho (Caderno), Chico César (Odeio Rodeio, Pelado), Secos & Molhados (O Vira), Jota Quest (Pedrinho), Carlinhos Brown (Pererê Peralta), Daúde (Quatro meninas, Vamos fugir, Vida Sertaneja), Palavra Cantada (Rato), Gilberto Gil (Saci-Pererê, Sítio do Picapau Amarelo), Jorge Benjor, (Sasaci-Pererê), Rosi Campos (Tem gato na tuba), Herlon Robson (Tô ligado), Herbert Vianna (Uma Brasileira), The Beatles (Yellow Submarine), MPB-4 (O Pato), Frenéticas (Aula de piano), Gal Costa (Grande final), MC Marcinho (Rap do Lúcio), Patrícia Marx (A Festa do Menino Maluquinho); Sérgio Ricardo (Emília), Girotando (Ambaraba cicci’ cocco’) e Mawaca (Kazoe Uta, Sansa Kroma).


Dos meus livros “Flor de Maravilha” e “A Festa do Saci”, entraram na brincadeira as músicas cantadas por Olga Ribeiro (A sementinha, Bolhas de sabão, Curupira e Boitatá, Fábula sem moral, Pinóquio e Emília, Rói-rói, Vamos passear pela cidade, Xacundum no tum-tum do papai), Giana Viscardi (Brincar de Brincadeira, O nome do meu País), Marcelo Pretto (Marimbondo Azul), Suzana Salles (No ritmo das batidas do relógio da Praça do Ferreira) e, óbvio, a música A Festa do Saci, que fiz com o Orlângelo Leal, especialmente para chamar o Saci Pererê.


Por falar em chamar o Saci, um dos momentos mais mágicos da festa foi o da aparição do saci, na hora do Guarnicê. Peço ao leitor e à leitora que não comente esta parte na frente das crianças nem dos convidados, pois o segredo dela está na surpresa. É o seguinte: na hora em que o Orlângelo canta “Estou aqui meu Saci / Estou aqui chamei você / Pererê chamei você”, cuidamos que um ator, no caso o Márcio, da Banda Dona Zefinha, aparecesse pintado e vestido de Saci em uma laje na parte ao lado da quadra. Ele apareceu rapidamente, deu pulos e gargalhadas, jogou uma porção de gorros para a meninada e sumiu. Uns viram e outros não. E isso gerou um converseiro mítico maravilhoso, mediado pelo também zefínico Paulo Orlando.


Bom, mas já estou me adiantando na festa, quando ainda nem falei o que colocamos no convite: “Você só precisa trazer um pouquinho da sua guloseima preferida, aquela que você acha a mais gostosa de todas, para repartir com os amigos” (No centro da quadra, um círculo de tecido transformou-se em mandala de guloseimas). E tinha uma observação: “A Festa do Saci é uma festa que valoriza a criatividade e a imaginação. Portanto, crie o seu próprio personagem e venha para curtirmos juntos essa noite sacizística cheia de surpresas”.


Na entrada do prédio, colocamos uma cartolina e muitos pincéis coloridos pendurados em fio de náilon. Naquele papel, mais de trinta crianças escreveram o nome e a missão dos seus personagens. A resposta foi reveladora: Agente 00SACI (Lutar pela paz no futebol), Branca de Neve (Cuidar dos habitantes da floresta), Dama da Noite (Cuidar da paz na hora do sono), Fada da Natureza (Eu e o Saci devemos proteger a Natureza), Fada do Ar (Acabar com a poluição), Garota Azul (Deixar a festa mais azul), Duende (Minha missão é achar o Saci), Peloe (Acabar com a destruição das flores), Reg!!! (Minha missão é me conhecer), Robô Verde (Aguar todas as plantas e salvar o planeta), Saci (Cuidar do mundo), Senhor Noite (Alertar as lendas da noite) e Vaqueiro (Acabar com o aquecimento global, poluição e drogas). A festa terminou doce e animada com a Caça ao Brigadeirão.


Flávio Paiva – Diário do Nordeste – 15/10/2009

sábado, 10 de outubro de 2009

Marina Silva premiada

Marina Silva recebe mais um prêmio internacional

A senadora Marina Silva (PV-AC) receberá, hoje, em Mônaco, o Prêmio Mudanças Climáticas, oferecido pela Fundação Príncipe Albert II de Mônaco, em reconhecimento à sua contribuição para projetos na área do meio ambiente, ações e iniciativas conduzidas sob a ótica do desenvolvimento sustentável.

Anualmente, a fundação premia pessoas ou instituições com atuação especial e trabalho reconhecido em favor do meio-ambiente e da preservação do planeta nos três domínios de ação considerados prioritários pela instituição internacional: a mudança climática; a preservação da biodiversidade; o acesso à água e a luta contra a desertificação.

A Fundação, criada em 2006, se dedica, sobretudo, ao financiamento de projetos nas áreas de florestas, biodiversidade, água e meio-ambiente da região do Mediterrâneo. Em 2008, o “Climate Change Award”, foi concedido a Alain Hubert, explorador belga, da Fundação Internacional Polar.

Desde sua criação, em 2006, a Fundação apoiou financeiramente mais de 95 projetos, num total de 14,6 milhões de euros. Seu Conselho de Administração reúne 14 personalidades internacionais, inclusive ganhadores do Prêmio Nobel da Paz. Seu Conselho Científico e Técnico é constituído por 12 especialistas de projeção mundial.

Além de ser agraciada com um troféu especialmente criado para a ocasião, a senadora Marina Silva receberá da Fundação um prêmio de 40 mil euros. A entrega do prêmio, pelo Príncipe Albert II de Mônaco, será às 18 horas (hora local), no Fórum Grimaldi.

Este é o quinto prêmio internacional que Marina Silva recebe desde a sua volta ao Senado, depois de ter saído do Ministério do Meio Ambiente, em maio de 2008. Em abril deste ano, ela foi agraciada, em Oslo, na Noruega, com o Prêmio Sofia 2009, concedido anualmente pela Fundação Sofia a pessoas e organizações que se destacam nas áreas ambientais e do desenvolvimento sustentável.

Em outubro do ano passado, a senadora recebeu das mãos do príncipe Philip da Inglaterra, no palácio de Saint James, em Londres, a medalha Duque de Edimburgo, em reconhecimento à sua trajetória e luta em defesa da Amazônia brasileira - o prêmio mais importante concedido pela Rede WWF.

Marina Silva ainda foi agraciada, em 16 de outubro de 2008, depois que retornou ao Senado, com o Prêmio "World Rainforest Award", concedido pela Rainforest Action Network (RAN), como reconhecimento ao seu trabalho e compromisso para proteger a floresta tropical, Recebeu também, em março deste ano, o XIV Prêmio N´Áitun 2009, criado em 1996 por Artistas Pro Ecologia, destinado anualmente a pessoas e instituições que tenham se destacado na defesa do meio ambiente.

Assessoria de Imprensa da senadora Marina Silva (PV-AC)

domingo, 4 de outubro de 2009

Artigo de Marcos Coimbra

Os eleitores na internet

Se pensarmos nos eleitores que combinam três ou mais mídias na sua informação sobre assuntos políticos, chegamos perto de 27% do total. Ou seja: em cada quatro eleitores das regiões metropolitanas, um pode ser considerado muito informado — imaginando que quem procura informação em tantas mídias simultaneamente acaba por encontrá-la.

Em pesquisa recente, vimos que a proporção de eleitores que usam a internet para se informar sobre política já chega a 36% nas principais regiões metropolitanas do país. Ela foi feita pela Vox Populi e seus trabalhos de campo aconteceram nos primeiros dias de setembro, cobrindo as oito maiores metrópoles brasileiras e o Distrito Federal.

Quase dois terços dessas pessoas se informam exclusivamente em sites de notícias e blogs jornalísticos, enquanto que 7% utilizam somente as redes sociais, como Orkut, Facebook e Twitter com essa finalidade. Os 29% restantes combinam as duas possibilidades. São eleitores que acessam a rede com muita intensidade: cerca de 70% dos que procuram nela essas informações dizem que navegam “todo dia ou quase todo dia” com esse intuito.

É muito incomum o eleitor que só busca informação sobre o tema na internet, sem complementá-la com nenhuma outra mídia. Na pesquisa, apenas 3% dos entrevistados afirmaram ter esse comportamento. Mais frequente é o hábito de usar a internet com a televisão, como disseram fazer 5% dos entrevistados, ou de utilizar as duas e o jornal impresso, resposta de outros 6%. Há, ainda, 4% de entrevistados que integram o rádio a essas três fontes.

O padrão de respostas mais frequente, de 9% dos pesquisados, no entanto, envolve um “mix de mídias” com um ingrediente adicional. Esses quase 10% disseram procurar informação sobre política em cinco mídias diferentes, misturando televisão, rádio, jornais impressos e internet às revistas de informação.

Pode não ser muito, mas não é pouco. Se pensarmos nos eleitores que combinam três ou mais mídias na sua informação sobre assuntos políticos, chegamos perto de 27% do total. Ou seja: em cada quatro eleitores das regiões metropolitanas, um pode ser considerado muito informado — imaginando que quem procura informação em tantas mídias simultaneamente acaba por encontrá-la.

Mais relevante, quase 20% dos entrevistados incluem a internet em seu mix, permitindo dizer que já é expressiva, no Brasil metropolitano, a fatia de eleitores não apenas bem informados, mas que a acessam e que podem ser acessados por meio dela.

Como essas proporções só sobem ano a ano, é fácil perceber quão diferente vai ficando nossa sociedade política com o passar do tempo. A cada eleição, a internet aumenta de importância, como vimos já em 2008 nas eleições de muitas capitais, onde foi um elemento decisivo do processo de ascensão e queda de diversos candidatos. Em 2010, todo mundo espera que seja ainda mais relevante.

Entre as áreas pesquisadas, o Distrito Federal é a que concentra a maior proporção de eleitores que usam a internet na procura de informação sobre política, com 47% dos entrevistados. A seguir, Porto Alegre, com números igualmente acima dos 40%. Em nenhuma ficam abaixo de 30%.

O que o futuro nos reserva pode ser visto no detalhamento dos resultados segundo os grupos etários. Entre eleitores muito jovens, com idades indo de 16 a 24 anos, a taxa de uso da internet com esse objetivo chega a 54%, caindo sistematicamente daí em diante. Quando chegamos aos eleitores com mais de 50 anos, ela atinge 16%, quase três vezes menos que no meio de jovens.

A escolaridade e a renda se mostram correlacionadas a esse modo de consumo de informação política. Pessoas com o equivalente ao antigo curso primário estão praticamente fora dele: na média das áreas pesquisadas, a taxa não chega a 3%, sendo próxima de zero em algumas. Inversamente, entre eleitores com acesso ao ensino superior, ela atinge 62%, na média, e chega aos 70% em algumas áreas.

Na renda, algo parecido, mas não idêntico. Mesmo entre eleitores cujas famílias têm rendimentos muito baixos, os números já são significativos: 18% dos entrevistados com renda familiar equivalente a dois salários mínimos ou menos usam a internet para se informar sobre política. Muito provavelmente, isso decorre do aumento da escolaridade nos segmentos jovens das camadas mais pobres.

Se pensarmos como era, nesses termos, a sociedade brasileira que fez a primeira eleição presidencial moderna em 1989, vemos como mudamos em 20 anos. Daqui a outubro de 2010, teremos mudado ainda mais. Os políticos que não perceberem isso correm o risco de não conseguir falar para o país que seremos.

Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi