sábado, 21 de agosto de 2010

Problemas na campanha

Brincando de casinha


Responsáveis pelos comitês domiciliares da campanha de Marina Silva reclamam da falta de material e estão longe de desempenhar o papel de divulgadores das ideias da candidata verde

Alana Rizzo

A 43 dias das eleições, as Casas de Marina, comitês domiciliares lançados pela candidata à Presidência da República Marina Silva (PV), estão passando por um “apagão”. Sem material oficial de campanha, a ideia, reformulada pela cúpula do partido, está longe de atingir o objetivo de disseminar as propostas verdes. As unidades residenciais, segundo a candidata, iriam mostrar um novo jeito de fazer política, com “núcleos vivos da sociedade”. As casas, tema de um futuro programa eleitoral, compensariam as dificuldades financeiras da campanha e a falta de capilaridade do partido nos estados. Até agora, já foram registradas 701 unidades em todo o país.

“Estou doido para trabalhar. Só que não recebi nada. Entrei de corpo e alma na candidatura da Marina e desse jeito não tenho nem como divulgar as ideias”, reclama o mecânico José Jerônimo Sobrinho, filiado ao PV e dono de uma casa que a própria Marina inaugurou no início de julho em Uberlândia (MG).

No Gama, a família de Luzia Macedo também espera panfletos, adesivos e informações sobre como ajudar na campanha. “Os meus netos falaram que o material ia chegar pelos Correios, mas até agora nada”, conta a aposentada, que ainda não decidiu em quem vai votar. Na casa dela não há sinal da candidatura verde. Apenas um banner do candidato a deputado distrital Agaciel Maia, ex-diretor do Senado e pivô do escândalo dos atos secretos.

O Movimento Minha Marina define a casa como um local para a interação com a comunidade. Na Zona Sul do Rio, as residências não têm identificação e os vizinhos desconhecem o trabalho dos militantes. “Um morador daqui apoiando a Marina? Tem certeza? Não conheço”, diz uma senhora, moradora no mesmo edifício em que está cadastrada uma Casa de Marina na Rua Santa Clara, em Copacabana. A dois quarteirões de lá, outro comitê desconhecido. “Não tem ninguém. Acho que a dona Cláudia faz campanha para o Fernando Gabeira”, diz o porteiro, referindo-se ao candidato do PV ao governo do Rio. Em Ipanema e Botafogo, a situação era a mesma.

“Faça você mesmo”

O coordenador da campanha verde, João Paulo Capobianco, nega o “apagão”. Segundo ele, o conceito das Casas de Marina é o “faça você mesmo”. É pedido que os donos das casas distribuam material de campanha, convidem pessoas para conversar e realizem encontros de debates com pessoas da vizinhaça. Também se sugere que seja dado um nome para a casa e que a unidade seja abastecida com informações sobre a candidata.

Capobianco, entretanto, garante que o material oficial está sendo enviado pelo Diretório Nacional às unidades registradas. De acordo com informações prestadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a candidatura verde já gastou R$ 3,47 milhões. Desse valor, pouco mais de R$ 1 milhão é destinado à publicidade de materiais impressos. Ainda não constam despesas postais.

Correio Braziliense, 21/08/2010

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