domingo, 21 de março de 2010

Marina Silva na Internet - Interpretando a "notícia"

Revolução silenciosa

O jornal Folha de São Paulo noticia que Dilma Rousseff ultrapassou Marina Silva em consultas no Google. Interessante perceber que o fato só virou "notícia" quando passou a favorecer, aparentemente, a candidata do Governo. Não recordo da Folha ter noticiado, em período anterior, que Marina Silva estava em primeiro lugar nas consultas do Google. A matéria é bastante didática para o entendimento sobre o critério do que pode e do que não pode ser "notícia".

A matéria "festeja" o fato de que "em apenas 20 dias", desde o seu lançamento como candidata, Dilma alcançou este feito. Não analisa o esforço gigantesco e ilegal do Governo para tornar sua candidata popular. Mas registra, talvez a contragosto, que Marina se mantinha em primeiro lugar desde 2008. Também não analisa o completo desequilíbrio de infra-estrutura material entre Marina e os demais candidatos, o que destacaria a relevância de Marina se manter em segundo lugar e crescendo, mesmo sem os apoios políticos e financeiros que os demais candidatos dispõem.

A matéria esconde o fato de que o PT contratou profissionais de mídia, há algum tempo, tanto para promover sua candidata, quanto para "plantar" notas depreciativas contra os demais candidatos. Também esqueceu de mencionar que o PT convocou recentemente todos os seus militantes a se utilizarem da Internet para alavancar a campanha da sua candidata. Portanto, esse "crescimento" da sua candidata não é um fato natural, mas o resultado de uma estratégia de campanha em execução.

Portanto, seria fácil concluir que a posição de Marina é altamente promissora, considerando que não resulta de um esforço artificial de promoção. Mesmo sem explicitar esta conclusão, a matéria não consegue ignorar alguns aspectos muito relevantes. Primeiro, admite que o interesse por Marina parte das pessoas com maior escolaridade, renda e informação. Segundo, admite que Marina "é um nome mais nacional", porque "aparece bem posicionada em praticamente todas as regiões do país", enquanto Dilma aparece mais forte apenas em MG e RS e Serra em SP. 

Minha conclusão é que esta pesquisa, ainda que muito parcial, pois referente apenas ao interesse de usuários de um único buscador de informação da Internet, o Google, é bastante reveladora do potencial da candidatura de Marina Silva. Conforme análises anteriores, continuo sustentando que Marina vem conquistando apoio onde mais interessa inicialmente, ou seja, nos setores "formadores de opinião".  Conquistar o interesse dos segmentos mais informados representa uma grande potencialidade de crescimento, na medida em que tais setores influenciam a opinião de terceiros, multiplicando o alcance de suas posições.

A campanha de Marina é uma "revolução silenciosa", que vai acontecendo de forma pouco perceptível, como "fogo de monturo", como uma onda verde, que pode parecer apenas uma marolinha, mas que pouco a pouco terá a força de um tsunami, destruindo a estratégia de falsa polarização entre PT e PSDB e o esforço diversionista da mídia, que deseja impor ao país apenas "mais do mesmo", quando há enormes desafios que ameaçam nosso futuro.

Juarez de Paula

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