terça-feira, 30 de março de 2010

Ficha - Limpa

PV impede candidaturas de condenados pela Justiça


A Executiva Nacional do PV aprovou resolução que impede a candidatura de qualquer integrante do partido com condenação judicial definitiva (transitada em julgado). A resolução, que incorpora termos do projeto Ficha Limpa em tramitação no Congresso Nacional, foi encaminhada hoje (29) para publicação no Diário Oficial da União e é válida já para as eleições de outubro.

Para senadora Marina Silva, pré-candidata do PV à Presidência da República, a decisão demonstra coerência do partido. “Como nós trabalhamos para a aprovação do projeto Ficha Limpa no Congresso e neste blog, faz sentido que nos antecipemos já na implementação.”

Pela decisão, não serão admitidos como candidatos do PV políticos condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de oito anos após o cumprimento da pena por crimes contra a economia popular, a fé pública, a administração pública, por atos contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o meio ambiente, a saúde pública e contra a vida.

A resolução impede ainda candidaturas de políticos que tiveram suas contas relativas a funções públicas rejeitadas por irregularidade que configure ato de improbidade administrativa.

Na opinião do presidente nacional da legenda, o vereador paulistano José Luiz de França Penna, “para construir algo diferente do que está aí, precisamos de pessoas compromissadas com a ética”.

Blog de Marina Silva
http://www.minhamarina.org.br/blog
Postado em 29/03/2010

Comentário do Blog: A proposta foi apresentada por Juarez de Paula, membro da direção nacional do PV.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Artigo de Marina Silva

Cidades sustentáveis


Sustentabilidade é a palavra-chave para todo empreendimento, todo processo produtivo e toda solução urbana do século 21. Não teremos rios limpos sem saneamento básico. Não teremos cidades com qualidade de vida sem planejamento urbano e integração à natureza. Não teremos desenvolvimento econômico sem meio ambiente equilibrado.

Já um pouco tarde, as grandes metrópoles do mundo parecem ter percebido isso. Descobriu-se que a boa cidade é aquela que integra seus habitantes, que respeita o meio ambiente, que destina adequadamente o lixo, que oferece moradia, água, saneamento básico, transporte eficiente e menos poluente e se prepara também para os seus futuros moradores.

As cidades brasileiras, ao crescerem rápido demais e sem planejamento, reproduziram injustiças e desigualdades sociais, potencializando a pobreza e a violência. E, sem levar em conta a sustentabilidade, têm se tornado cada vez mais excludentes, pois as soluções da engenharia e os investimentos públicos nem sempre obedecem ao critério do bem-estar de toda a população.

Não é fácil, mas é possível, para uma nação emergente como o Brasil, com demandas legítimas de crescimento e com mazelas antigas a serem equacionadas, trilhar o caminho inovador da sustentabilidade. Temos de aproveitar as oportunidades -que no país são imensas, devido à carência estrutural em muitas áreas- e mudar os velhos modelos. Infelizmente, muitos querem continuar repetindo os erros de sempre. Mas políticas públicas devem ser dirigidas para uma nova realidade socioambiental.

Na semana passada, o Rio de Janeiro sediou o Forum Urbano Mundial (ONU Habitat), principal evento de urbanismo do mundo.

Logo na abertura, uma notícia ruim. Um relatório revelou que, das 20 cidades mais desiguais do planeta, cinco são brasileiras: Goiânia, Belo Horizonte, Fortaleza, Brasília e Curitiba. A boa nova surgiu ao final, com o lançamento da Campanha Urbana Mundial, para envolver os governos locais e nacionais, setor privado e organizações da sociedade civil na adoção de práticas sustentáveis e democráticas, um instrumento importante para melhorarmos a vida nas nossas cidades.

É o que a população quer e espera. Quando os governos intervêm para resolver os problemas urbanos, não podem deixar de lado as ideias e os projetos provenientes de iniciativas da sociedade, como do Movimento Nossa São Paulo e de muitos outros espalhados pelo país. Somente unindo forças poderemos mudar a realidade de nossas cidades. Sem isso, estaremos caminhando para trás, deixando passivos ambientais e sociais cada vez maiores.

Marina Silva é Senadora (PV/AC).

Folha de São Paulo, 29/03/2010.

sábado, 27 de março de 2010

Pesquisa Datafolha

Novos números

O jornalista Fernando Rodrigues divulgou em seu blog  - http://uolpolitica.blog.uol.com.br/ - novos números da pesquisa Datafolha realizada no período entre 25 e 26 de março de 2010. São eles: Serra - 36%; Dilma - 27%; Ciro - 11%; Marina - 8%.

O aspecto mais relevante é que em todos os cenários (com Ciro, sem Ciro, com nanicos, sem nanicos), Serra volta a abrir uma vantagem em torno de 10 pontos em relação a Dilma.

Isso demonstra que, ao contrário de todos os comentários, a candidatura de Serra tem força, mesmo com a demora do candidato em dar início à campanha de forma mais agressiva.

Mostra também que a candidatura de Dilma tem fragilidades, a despeito do enorme poder econômico e da intensa e ilegal campanha feita pelo Governo Federal.

Finalmente, a manutenção de Ciro e Marina nos mesmos patamares das pesquisas anteriores, demonstra que ambos têm um eleitorado consolidado, que oferece um bom ponto de partida para suas respectivas postulações, posto que esses candidatos têm menor exposição na mídia e quase nenhuma estrutura de campanha. É evidente que poderão crescer, na medida em que suas campanhas passem a ocupar mais espaço na mídia e consigam se tornar mais conhecidos pelos eleitores como alternativas, rompendo a lógica da polarização que foi sendo construída pelo PT e pelo PSDB.

Juarez de Paula

Hora do Planeta

Faça a sua parte. Participe!

Hoje, em todo o mundo, acontecerá a manifestação denominada "Hora do Planeta". Durante uma hora, no período entre 20h30 e 21h30, as pessoas são convocadas a apagar as luzes, de forma a demonstrar sua preocupação com o aquecimento global.
Prepare um jantar à luz de velas para as pessoas que ama ou simplesmente saia à rua para ver melhor as estrelas no céu.
Todo mundo vai sair ganhando!

Juarez de Paula

sexta-feira, 26 de março de 2010

Intervenção Já

Para que tudo permaneça como está

A semana termina com o agendamento das eleições indiretas para o GDF, a serem realizadas pela Câmara Legislativa do DF, para o dia 17 de abril. O governador em exercício, deputado distrital Wilson Lima (PR) já anunciou sua candidatura. Outros deputados distritais citados como prováveis candidatos são Eliana Pedrosa (DEM) e Alírio Neto (PPS), todos fiéis integrantes da base de apoio do Governo Arruda, com inúmeras indicações no GDF e/ou relações empresariais com o governo. 

Ontem foi realizada manifestação da "sociedade civil" contra a proposta de Intervenção Federal. Apesar da intensa campanha do jornal Correio Braziliense, que tem dedicado uma página diária ao "movimento" nas últimas semanas, o evento teve a participação de menos de 50 pessoas. Foi patético. Teve menos gente do que a quantidade de entidades que assinaram a nota de convocação, totalizando 57 instituições.

Gente que luta para que os contratos e as obras não sejam interrompidos, supostamente para não gerar desemprego e redução da atividade econômica. Não importa se eventualmente houve superfaturamento. Não importa se tais contratos e obras incluem a formação de "caixa 2" para a campanha eleitoral de 2010. 

É essa a "normalidade" que unifica desde Agnelo Queiroz (PT), passando por Cristovam Buarque (PDT), até chegar a Roriz (PSC). Ficaram todos muito parecidos.

Juarez de Paula

terça-feira, 23 de março de 2010

Crise no DF

Arruda: a profecia da pizza vai se cumprindo



Cassado por algo do qual não pode ser acusado, o agora ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda vai ajudando a profecia da pizza ser cumprida em Brasília.

Arruda não vai recorrer da decisão do TRE-DF de cassá-lo por infidelidade partidária. É curioso. Está cheio de razão para protestar. Afinal, alguém conhece um político mais fiel ao DEM do que Arruda? Ele não entregou até hoje nenhum "demo" aos leões...

Conformado com a única punição que não merecia, Arruda não será então admoestado por conta de outras acusações nem sofrerá impeachment. E breve, estará solto - pois não terá mais poder para obstruir a Justiça. E a vida segue.

Tudo tal qual foi dito aqui no dia 16.mar.2010. (Reproduzido neste blog em 17/03/2010)

Triste.

Blog do Fernando Rodrigues
http://uolpolitica.blog.uol.com.br/

segunda-feira, 22 de março de 2010

Artigo de Marina Silva

Dia da vida


Sem água não existe vida, saúde ou desenvolvimento sustentável. Se a água for mal tratada e mal gerida, pode ser morte, doença e desigualdade social. E, a cada ano que passa, torna-se maior o complexo desafio para o homem tratar da questão da água em um cenário de industrialização, de urbanização e de mudanças climáticas.

Todos os cenários vislumbrados para o Brasil, no âmbito das mudanças climáticas, apontam para alteração do padrão de chuvas no ano. Avaliando-se o que já acontece hoje em todas as regiões do país, é de se esperar que aumentem os efeitos desastrosos desses fenômenos naturais.

Historicamente, temos tratado a água como um recurso inesgotável.

Embora vivamos em um planeta cuja superfície é ocupada por cerca de dois terços de água, esquecemos que apenas 0,09% dessa água pode ser aproveitada para consumo do homem. E há uma parte significativa que já foi poluída ou degradada pela ação humana.

O Brasil é favorecido com o maior volume de água doce do planeta. Entretanto, difundiu-se aqui, desde Pero Vaz de Caminha, a falsa ideia de abundância. É enganosa a ideia, uma vez que a distribuição é desigual e a maior parte da água está concentrada na bacia amazônica.

Como destino natural das águas de chuvas em um território, os rios, os lagos e os mares trazem em suas entranhas as marcas e os reflexos das atividades humanas. Os rios traduzem, assim, as virtudes e as mazelas de nossa relação com o meio ambiente. Viram o melhor indicador do gerenciamento e da consciência ambiental de uma sociedade. Sob essa perspectiva, há pouco a festejar e muita preocupação com o Dia Mundial da Água, celebrado hoje. Para se ter uma ideia, a maior parte do esgoto gerado nas cidades é despejado sem tratamento nos cursos d'água.

Nas últimas décadas, o Brasil avançou na criação de um aparato legal e institucional que permite gerenciar, de forma adequada, as águas do país. É um sistema que exige a participação cidadã e a consideração das diferentes situações regionais.

Com esse sistema implantado, certamente o Brasil estaria mais bem preparado para enfrentar os desafios que se avizinham. No entanto, a batalha é ainda imensa, já que a questão da água ainda não ocupa a prioridade que deveria ter para os gestores públicos.

Fizemos o Plano Nacional de Recursos Hídricos com intensa participação da sociedade. Agora precisamos enfrentar o grande desafio de implementá-lo. Saneamento básico é a prioridade, investimento obrigatório para quem deseja uma sociedade que sabe cuidar das suas águas em benefício de seus cidadãos.

Marina Silva é Senadora (PV/AC)

Folha de São Paulo, 22/03/2010

domingo, 21 de março de 2010

Marina Silva na Internet - Interpretando a "notícia"

Revolução silenciosa

O jornal Folha de São Paulo noticia que Dilma Rousseff ultrapassou Marina Silva em consultas no Google. Interessante perceber que o fato só virou "notícia" quando passou a favorecer, aparentemente, a candidata do Governo. Não recordo da Folha ter noticiado, em período anterior, que Marina Silva estava em primeiro lugar nas consultas do Google. A matéria é bastante didática para o entendimento sobre o critério do que pode e do que não pode ser "notícia".

A matéria "festeja" o fato de que "em apenas 20 dias", desde o seu lançamento como candidata, Dilma alcançou este feito. Não analisa o esforço gigantesco e ilegal do Governo para tornar sua candidata popular. Mas registra, talvez a contragosto, que Marina se mantinha em primeiro lugar desde 2008. Também não analisa o completo desequilíbrio de infra-estrutura material entre Marina e os demais candidatos, o que destacaria a relevância de Marina se manter em segundo lugar e crescendo, mesmo sem os apoios políticos e financeiros que os demais candidatos dispõem.

A matéria esconde o fato de que o PT contratou profissionais de mídia, há algum tempo, tanto para promover sua candidata, quanto para "plantar" notas depreciativas contra os demais candidatos. Também esqueceu de mencionar que o PT convocou recentemente todos os seus militantes a se utilizarem da Internet para alavancar a campanha da sua candidata. Portanto, esse "crescimento" da sua candidata não é um fato natural, mas o resultado de uma estratégia de campanha em execução.

Portanto, seria fácil concluir que a posição de Marina é altamente promissora, considerando que não resulta de um esforço artificial de promoção. Mesmo sem explicitar esta conclusão, a matéria não consegue ignorar alguns aspectos muito relevantes. Primeiro, admite que o interesse por Marina parte das pessoas com maior escolaridade, renda e informação. Segundo, admite que Marina "é um nome mais nacional", porque "aparece bem posicionada em praticamente todas as regiões do país", enquanto Dilma aparece mais forte apenas em MG e RS e Serra em SP. 

Minha conclusão é que esta pesquisa, ainda que muito parcial, pois referente apenas ao interesse de usuários de um único buscador de informação da Internet, o Google, é bastante reveladora do potencial da candidatura de Marina Silva. Conforme análises anteriores, continuo sustentando que Marina vem conquistando apoio onde mais interessa inicialmente, ou seja, nos setores "formadores de opinião".  Conquistar o interesse dos segmentos mais informados representa uma grande potencialidade de crescimento, na medida em que tais setores influenciam a opinião de terceiros, multiplicando o alcance de suas posições.

A campanha de Marina é uma "revolução silenciosa", que vai acontecendo de forma pouco perceptível, como "fogo de monturo", como uma onda verde, que pode parecer apenas uma marolinha, mas que pouco a pouco terá a força de um tsunami, destruindo a estratégia de falsa polarização entre PT e PSDB e o esforço diversionista da mídia, que deseja impor ao país apenas "mais do mesmo", quando há enormes desafios que ameaçam nosso futuro.

Juarez de Paula

Marina Silva na Internet

Em ascensão, ministra ultrapassa Marina Silva em buscas no Google


ALEC DUARTE
EDITOR-ASSISTENTE DE BRASIL


Num período de apenas 20 dias (a partir do momento do lançamento de sua candidatura no congresso do PT, no mês passado), a ministra da Casa Civil e candidata do partido à Presidência, Dilma Rousseff, ultrapassou Marina Silva (postulante ao cargo pelo PV) em volume de buscas no Google, ferramenta que faz 2 de cada 3 operações do gênero na internet.

Marina mantinha, entre os quatro principais candidatos à Presidência, o topo nas pesquisas no site desde 2008, com alguns momentos de alternância com os adversários.

Os dados estão disponíveis no Trends, produto do Google que exibe a proporção das buscas por determinado termo, período e região sem informar a quantidade das ocorrências para cada caso.

O critério usado neste levantamento foi a combinação de nome e sobrenome de cada um dos candidatos mais bem posicionados na última pesquisa Datafolha, divulgada em 28 de fevereiro.

Nela, a liderança era de José Serra (PSDB), com 32% das intenções de voto, seguido de Dilma, com 28%, Ciro Gomes (PSB), que registrou 12%, e Marina (8%).

A proporção de buscas no Google no Brasil, porém, mexe bastante nessas posições: a candidata do PT aparece acima dos adversários e com uma curva ascendente.

Serra, que subia gradualmente segundo os dados do Trends, oscilou para baixo, mas manteve o terceiro posto. Já Ciro Gomes, que chegou a ser o segundo em 2009, perdeu fôlego em fevereiro e caiu para o quarto lugar.

O início da ascensão de Dilma coincide com o lançamento de sua candidatura, na segunda quinzena de fevereiro. Só ela e Marina seguem com o interesse em alta entre quem faz pesquisas no Google.

Segundo o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, o volume de buscas está em consonância com o grau de conhecimento dos candidatos medido pelo instituto.

De acordo com a pesquisa, Marina atingiu 56% de conhecimento (percentual de eleitores que conhecem a candidata) no total da amostra -76% entre os mais escolarizados e 73% entre os que têm renda familiar mais alta.

"Como o público que faz buscas no Google é mais qualificado, assim como o eleitorado de Marina é, provavelmente e neste momento, o mais engajado, acredito que tenha também mais acesso à ferramenta", afirmou. Isso explica por que, mesmo em quarto na pesquisa, a senadora é destaque no buscador.

As buscas no país por cada candidato seguem a lógica de suas bases eleitorais. No caso de Dilma, tanto no Estado onde nasceu (Minas Gerais) quanto naquele em que construiu carreira política (Rio Grande do Sul), ela lidera.

Marina é um nome mais nacional: a candidata do PV aparece bem posicionada em praticamente todas as regiões do país (não por acaso detinha, até recentemente, a liderança geral). Serra só se destaca em São Paulo, onde supera a senadora por muito pouco -com Dilma à frente.

O verbete dos candidatos na enciclopédia colaborativa Wikipedia é, via de regra, o primeiro resultado que surge numa pesquisa no buscador.

Quem procura por Marina encontra ainda uma rede social criada por simpatizantes e sua página no Senado.

Buscas por Serra e Dilma também apontam para sites aparentemente criados por simpatizantes, enquanto a procura por Ciro revela um portal, ainda "em desenvolvimento", com o objetivo de fornecer "informação qualitativa da política nacional".

Brasil, Portugal, Espanha, Reino Unido, Alemanha, Japão e Estados Unidos são os países com maior incidência de pesquisas envolvendo os nomes dos quatro principais candidatos à Presidência.

Folha de São Paulo, 21/03/2010

sexta-feira, 19 de março de 2010

Artigo de Kennedy Alencar

Intervenção em Brasília já


O STF (Supremo Tribunal Federal) deverá analisar na primeira quinzena de abril o pedido de intervenção federal em Brasília que foi apresentado pela Procuradoria Geral da República. Se não decretar a intervenção, o Supremo cometerá um erro.

A corrupção em Brasília é mais grave do que mostraram as imagens gravadas por Durval Barbosa, o delator do esquema do mensalão do DEM no Distrito Federal. É necessária uma força-tarefa composta por juízes, procuradores e policiais federais para realizar uma espécie de "Operação Mãos Limpas". Não basta a varredura da Controladoria Geral da União nos repasses federais. É preciso averiguar em detalhes como cada tostão dos cofres públicos vem sendo gasto.

A máfia brasiliense não está apenas nos cargos mais altos do Executivo e do Legislativo. Espalhou-se por órgãos públicos e administrações regionais. Para cada estatal, há uma ou mais gangues. Ilegalidades são cometidas por servidores corruptos e empresários corruptores.

Por que chegamos a esse ponto?

Na época de Joaquim Roriz, um ícone do atraso na política, havia uma espécie de comando único na corrupção. Essa ordem unida decretou um silêncio que garantiu impunidade e fortuna a corruptos e corruptores. Com a eleição de José Roberto Arruda em 2006, aconteceu um racha. Houve uma briga de quadrilha, para usar um termo elegante.

A classe política de Brasília derreteu. A mesma Câmara Distrital que abafou investigações contra Arruda agora deseja votar o seu impeachment e eleger, por voto indireto, um novo governador. Nas estatais, há até ameaças de violência física para a manutenção de contratos superfaturados.

Só uma força-tarefa federal, respaldada pela autoridade do Supremo, poderá fazer uma investigação profunda em Brasília. Em outubro, haverá a eleição de um novo governo e de uma nova Câmara Distrital. Essa força-tarefa teria até 1º de janeiro de 2011 a missão de realizar uma ampla varredura em todas as esferas do Executivo e do Legislativo de Brasília.

Inscrita na Constituição, a intervenção é um instrumento de preservação do Estado democrático de direito.

É uma saída radical? Sim.

Deve ser usada em situações extremas? Sim.

É o caso de Brasília? Sim.

O discurso de que as coisas estão voltando ao normal interessa mais a um grupo de corruptos e corruptores do que aos dois milhões de pessoas que vivem em Brasília. O Supremo tem a oportunidade de tomar uma decisão histórica. Se optar pela intervenção, dará um passo importante no combate à corrupção em todas as esferas de poder no país.

*

Covardia e omissão

O senador Cristóvam Buarque (PDT-DF) não tem o direito de excluir seu nome das conversas sobre candidatura a governador de Brasília. Beira a covardia preferir a recondução fácil a uma cadeira do Senado numa hora dessas.

Kennedy Alencar
Pensata – Folha OnLine – 18/03/2010

quarta-feira, 17 de março de 2010

Crise no DF

Decisão no DF é o jeitinho brasileiro no seu melhor


FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA


José Roberto Arruda foi o pivô do mais bem documentado escândalo de corrupção da história brasileira. Ele alega ser inocente. Mas vídeos em profusão mostraram seus aliados escondendo maços de dinheiro nos lugares mais recônditos de suas vestimentas.

O Democratas, de maneira pusilânime, não o expulsou de maneira imediata. Negociações de bastidores ocorreram para que Arruda saísse sozinho.

Agora, o governador está sendo cassado por um crime que, a rigor, não cometeu: o TRE o cassou por infidelidade partidária. O que ocorreu, na realidade, foi que o Democratas forçou Arruda a sair do partido. Só quem chegou de Marte agora não conhece essa história.

A decisão é conveniente a todos. É o jeitinho brasileiro elevado à máxima potência.

Se não recorrer, Arruda não é mais governador. Logo, não tem mais o poder de obstruir a Justiça e pode sair da cadeia.

Na Câmara do DF (essa anomalia), o processo de impeachment terá de ser extinto. A intervenção também perde força.

Por fim, o próprio Arruda pode dar uma sumida e voltar quando bem entender, candidato a alguma coisa, pois só perdeu o mandato, não o direito de concorrer nas eleições.

Folha de São Paulo, 17/03/2010

Pesquisa IBOPE / CNI

Serra cai, mas fica em 1º lugar, diz Ibope


O pré-candidato a presidente pelo PSDB, José Serra, registrou queda nas intenções de voto, mas continua em primeiro lugar na corrida pelo Palácio do Planalto, segundo pesquisa Ibope que foi divulgada hoje (17.março.2010). Serra aparece com 35% (tinha 38% em novembro), à frente de Dilma Roussef (PT), que tem 30% (contra 17% em novembro).
Eis os principais dados da pesquisa:
Serra - 35%
Dilma - 30%
Ciro - 11%
Marina - 6%
Fatos a serem observados:
1) resiliência de Serra: o tucano cai em todos os levantamentos (aliás, todos registrados aqui nesta página), mas se mantém sempre na faixa de 30% ou um pouco acima. Para quem não está falando em público sequer que é pré-candidato, não deixa de ser uma demonstração de força. Mas vai resistir ao rolo compressor governista até outubro? Essa é outra história e ninguém tem a resposta;
2) Dilma se consolida: a pré-candidata petista declarada, em campanha quase aberta, realmente está consolidada. Chegou aos 30% na pesquisa estimulada. Na espontânea, já está com 14% (Serra tem 10%). A dúvida agora é: a petista continua a avançar ou reduz o ritmo?
3) Ciro e Marina: os dois não saem do lugar. Vai ser difícil furar o bloqueio da polarização formada por PSDB e PT

Blog do Fernando Rodrigues
http://uolpolitica.blog.uol.com.br/

terça-feira, 16 de março de 2010

Entrevista com Guilherme Leal

"Neófito", sócio da Natura hesita em ser vice de Marina


MALU DELGADO
da Folha de S.Paulo

Aos 60 anos, o empresário Guilherme Leal, fundador e co-presidente do Conselho de Administração da Natura, se define como um "neófito" na política. Nessa condição, se preocupa com a exposição --pessoal e empresarial-- a que estará submetido com a aproximação da pré-candidata do PV à Presidência, Marina Silva.

À Folha, ele afirma que, por conta disso, ainda não decidiu se aceitará ser vice de Marina. "O tempo está passando, os netos vão chegando, e nossos papéis dentro das empresas vão se transformando", diz ele, ao explicar as razões para entrar na política. Leia a seguir trechos da entrevista.

FOLHA - O que leva um empresário bem sucedido a entrar para a política num país com tantos problemas no sistema político eleitoral?

GUILHERME LEAL - Nos últimos 20 anos tenho tido grande envolvimento com diversos movimentos da sociedade civil, além do envolvimento na Natura, ligada a movimentos de responsabilidade social e ambiental de empresas. Sempre entendemos que mercado, sociedade civil organizada e o Estado moderno e eficiente são um tripé. Até hoje, sempre tínhamos atuado na vertente de mercado. Há 20 anos eu atuo também na sociedade civil. Neste momento, passei a considerar essa hipótese de atuar também na política. Um banquinho com três pés não se sustenta se um não estiver funcionando a contento. Sem um Estado que introduza na sua visão de desenvolvimento esses elementos do socioambientalismo, dificilmente poderíamos obter resultados mais efetivos. Daí foi a ponte para uma atuação na política e daí o encontro com a Marina Silva.

FOLHA - A filiação foi negociada e intermediada por Marina Silva?

LEAL - Marina é uma pessoa muito inspirada e inspiradora. Ela teve o dom e a capacidade de me convencer que a filiação era um gesto político importante. E eu cedi. Infelizmente no Brasil as pessoas de bem têm se afastado da política. Precisamos quebrar essa tendência. De alguma forma, precisamos fazer com que as pessoas que querem o bem deste país, que têm um compromisso ético, com a questão pública, voltem a se envolver com as questões de Estado.

FOLHA - Houve retrocesso no tratamento da questão ambiental com a saída da Marina Silva do governo?

GUILHERME LEAL - Eu acho que precede a saída da ministra Marina. O ambiente estava sendo colocado como vilão do desenvolvimento, ao contrário do que imaginamos. Isso fez com que diversas pressões sobre a legislação existissem, para que houvesse retrocessos da legislação ambiental vigente, e embates no ministério.

FOLHA - A entrada de Marina na disputa obrigou José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) a introduzir a questão ambiental na agenda?

LEAL - Eu acredito que sem dúvida nenhuma a entrada de Marina teve um efeito. A nossa própria participação em Copenhague, por exemplo, foi qualificada. Agora, até que ponto isso é retórica e até que ponto é uma mudança efetiva só o tempo vai dizer. Eu não vejo, para ser honesto, essa visão de futuro quando se analisa com mais profundidade os programas até agora divulgados. A gente vê ainda de uma maneira marginal a questão ambiental.

FOLHA - O programa de Marina Silva será ambicioso a ponto de responder esses desafios?

LEAL - O programa da Marina proporá, sim, eixos estruturantes para pensar de maneira diversa qual infraestrutura queremos e como de fato fazer da educação uma prioridade que até hoje nunca teve.

FOLHA - Esse discurso "a educação será prioridade" é comum e fácil, adotado por vários políticos. O sr. poderia detalhar isso?

LEAL - Significa aumentar investimentos em educação. Precisamos de meta de universalização da pré-escola. São propostas genéricas, mas precisamos de um ensino fundamental de qualidade. Todo mundo fala isso, mas ninguém fez isso efetivamente. Dá para dizer que o governo Lula fez isso efetivamente? Dá para dizer que o governo Fernando Henrique fez isso efetivamente?

FOLHA - Na economia, o PV prega um "neoliberalismo sustentável"?

LEAL - Não sei o que é neoliberalismo sustentável (risos). Eu não sei e não gosto de rótulos. Então não vou explicar o que eu não sei o que é. Os governos de Fernando Henrique e Lula foram anos muito positivos. Então falar de descontinuidade dessas principais políticas, seja no campo macroenômico ou social, seria desrespeito ao povo brasileiro. Agora, isso não implica em não falar de mudanças. Estamos falando de mudanças estratégicas, não gerenciais. Nenhum governante minimamente responsável pode entrar e querer mudar a política macroeconômica em curso ou programas sociais que claramente estão funcionando e precisam evoluir.

FOLHA - Como o sr. recebe essas críticas internas, do PV? O ministro Juca Ferreira [Cultura] disse que o partido sofre de escoliose à direita.

LEAL - Na condição de neófito eu me permito receber com muita tranquilidade essas divergências partidárias. Aliás, o ministro acabou de pedir licença por um ano do partido para exercer sua opção [apoio a Dilma Rousseff] com maior liberdade. O PV, como a maioria dos partidos, nunca foi homogêneo nas suas posições, e continua não sendo. É um partido que está em processo de revisão de si mesmo, do seu programa, de suas estruturas, de seus processos. Na verdade, os partidos precisam ser repensados. A gente sabe que a reforma política está sempre para acontecer, mas algo impede que isso ocorra. Então não vamos querer cobrar de um partido ou outro uma coerência total que não vemos no conjunto.

FOLHA - A Natura fez uma doação a Marina em 2002. Fará de novo?

LEAL - Minha decisão é pessoal e não tem absolutamente nada a ver com Natura. Sou grato aos meus sócios, que aliás são inúmeros, por respeitarem a minha decisão e apoiarem. Mas são coisas absolutamente distintas. A posição de Natura é clara e explícita: ela não financia. Ela financiou esse caso que você mencionou, uma quantia irrisória, e na época não tinha essa política estabelecida.

FOLHA - O sr. é a favor do financiamento público de campanha?

LEAL - Sou, apesar de achar que não é a panaceia universal. Não coibirá eventualmente o chamado caixa dois. Não sei exatamente como reduzir a influência do capital. Não acho que o financiamento de A ou B para X ou Y necessariamente significa corrupção. O importante é saber se os atos de governo atendem ao bem público ou não, ou são recompensas por aquele financiamento. essa é a questão central.

FOLHA - Como viabilizar financeiramente a campanha de Marina Silva?

LEAL - Existe a preocupação. Sabemos que será uma campanha modesta quando comparada aos pré-candidatos colocados há mais tempo. Acreditamos na força das ideias, na mobilização de Marina. Sabemos que teremos pouco tempo de TV e isso será uma dificuldade. A proposta de Marina é importante para a construção de alternativas de novos pensamentos não maniqueístas, que quebram essa polarização que há tanto tempo domina a política brasileira e que tem impedido que os melhores quadros possam governar esse país e acordos mínimos de governabilidade.

FOLHA - Essa polarização à qual o sr. se refere é do PT versus PSDB?

LEAL - É sim. Acho que se por um lado PT e PSDB foram forças estruturantes da política brasileira nos últimos 20 anos, essa polarização e a falta de um diálogo em torno de plataformas mínimas de governabilidade representaram um atraso para a política brasileira e acabaram provocando alianças menos nobres e processos que estamos aí vendo, nos diversos campos. Tem a ver com a construção de maiorias se utilizando de métodos pouco republicanos.

FOLHA - Que métodos?

LEAL - Temos o mensalão de Brasília, o mensalão de Minas, o do Congresso Nacional. Temos vários mensalões sendo apurados, de todos os lados. E isso não engrandece a política brasileira.

FOLHA - Como o sr. avalia o governo Lula, nos dois mandatos?

LEAL - O simples fato de ele assumir o poder foi um grande avanço para a democracia. O fato de, ao assumir, preservar o que havia sido feito foi um sinal de maturidade muito importante. A capacidade do presidente Lula de se comunicar com a população brasileira foi um fator absolutamente relevante para construir um consenso mais amplo, diálogo mais amplo com diversos setores da sociedade brasileira. Sem dúvida, a ampliação de políticas sociais do governo Lula foi muito significativa e gerou uma ativação da economia maior que a imaginada. A redução da curva de pobreza foi muito importante. Do ponto de vista da ética na política eu me preocupo porque houve como se fosse uma aceitação de que certas práticas, como falávamos há pouco de financiamento, são aceitáveis e inevitáveis na política. Isso eu não acredito que possa ser uma base para um futuro saudável de uma nação. Me preocupa também essa questão de um Estado que se amplia. Me preocupa a falta de transparência em algumas decisões do Estado. Como política externa, essa lógica multipolar é meio estranha, esses flertes do presidente Lula com lideranças pouco democráticas. Valores fundamentais deveriam estar um pouco mais presentes. Pragmatismo em excesso às vezes se torna perigoso.

FOLHA - O sr. separou as pessoas física e jurídica. Guilherme Leal será vice de Marina?

LEAL - O Guilherme Leal está em processo de decisão. Tem o partido para decidir, tem o Guilherme para decidir. É uma decisão difícil. Eu acho que há circunstâncias pessoais e políticas que fazem com que o momento certo ainda não tenha chegado. Está em fase final de amadurecimento. Tenho dúvidas pessoais e políticas.

FOLHA - O sr. é citado na Forbes como uma das grandes fortunas do mundo. Isso o constrange?

LEAL - Sem dúvida. A gente teve sempre uma posição muito de baixo perfil. Pessoalmente nunca me expus mais que o indispensável ao exercício das atividades profissionais. Esse grau de exposição, eu tenho que ser sincero, me incomoda um pouco, apesar de não ter nada a esconder. Estou considerando com muito carinho.

FOLHA - Quem são os políticos que o sr. admira hoje?

LEAL - O Al Gore tem tido um papel muito importante como consciência mundial. Está faltando liderança, né? O Obama, apesar do ano difícil que está enfrentando, espero que venha a demonstrar boa liderança. A Europa infelizmente não está apresentando muitas lideranças dignas de maiores destaques.

FOLHA - Em entrevista à Folha, Al Gore afirma que a crise do clima pode ser solucionada com folga. O sr. concorda com isso?

LEAL - Concordo com ele que soluções existem, é uma questão de ter vontade política de persegui-las. Aí é que a grande diferença de ver o ambiente como um problema ou como uma enorme oportunidade. E eu entendo como grande oportunidade.

FOLHA - E no Brasil?

LEAL - No Brasil Marina Silva!

Editorial da Folha

Marina, boa surpresa


O coordenador da pré-candidatura de Marina Silva (PV) à Presidência, Alfredo Sirkis, lançou mão de uma fórmula astuciosa para indicar o lugar da senadora no espectro ideológico: ela não se encontraria nem à esquerda, nem à direita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva -mas à frente.

A ideia de uma opção eleitoral "pós-Lula", que resiste à desgastada e por vezes enganosa oposição entre petistas e tucanos, é uma estratégia pertinente.

Ajusta-se, antes de tudo, à marca da candidatura, que prescreve novas relações entre economia e ambiente - algo difícil de ser enquadrado nos surrados rótulos esquerda e direita. A pauta ambiental, aliás, desperta com frequência rejeições das duas alas, embora tenha-se tornado eleitoralmente vantajoso posar de defensor da natureza.

Essa ambiguidade é nítida na súbita "conversão" ao discurso contra o efeito estufa da ministra Dilma Rousseff -a "mãe" do desenvolvimentismo estatal. De maneira análoga, na oposição é comum a transigência com agressões ao ambiente, embora o governador José Serra também tenha anunciado metas de redução de emissões em São Paulo.

Mas se a presença de Marina cobra dos adversários mais atenção com a temática ecológica, sua candidatura, em sentido contrário, vê-se instada a apresentar propostas consistentes em outras áreas. É o que tem feito -e até aqui de modo mais claro do que os rivais. A entrevista com o possível vice da chapa, o empresário Guilherme Leal, que a Folha traz hoje, é prova disso.

Sabe-se que a candidata dará ênfase à educação; que defenderá uma concepção moderna de Estado, mais leve e eficiente; que será favorável à racionalização tributária; que preservará a autonomia do Banco Central; e que manterá o Bolsa Família.

Para quem imaginava uma postulação confinada a clichês verdes, Marina Silva vai-se revelando uma boa surpresa.

Editorial do jornal Folha de São Paulo, 16/03/2010

Como são feitas as pesquisas

Exemplo didático sobre a "objetividade" das pesquisas eleitorais

Sobrenome. Questionário de pesquisa do Instituto Mapear, do Rio, sobre a sucessão presidencial apresenta quatro candidatos, nesta ordem: Serra, Ciro Gomes, Marina Silva e "Dilma, a candidata do Lula". O instituto informou à Justiça Eleitoral que a sondagem "foi realizada por iniciativa própria e com recursos próprios".

 
Coluna Painel
Folha de São Paulo, 16/03/2010

segunda-feira, 15 de março de 2010

Artigo de Marina Silva

Além de si mesmo


A liberdade, um dos direitos básicos da vida, é algo tão visceral e tão intrínseco à condição humana que, em determinadas situações, não poder usufruí-la é como tornar-se um morto-vivo, individual e coletivamente. Quando algumas pessoas chegam ao ponto de subtrair aquilo que é essencial ao corpo, que é o próprio alimento, estão usando o que lhes resta para apontar para essa morte social anterior.

A palavra é tão importante quanto o pão. Há outros alimentos que são vitais, a que chamamos de direitos humanos, que incluem a liberdade de expressar opinião, a liberdade de divergir. O direito de não ser tiranizado. Ainda que a greve de fome seja um ato extremo, muitos encontram nela a última forma de protesto. Por meio dela encerraram-se injustiças, salvaram-se vidas e despertaram-se a consciência e a solidariedade. Historicamente ganhou destaque mundial com Gandhi e sua batalha contra a opressão colonial inglesa na Índia.

Embora meus códigos pessoais e religiosos sejam contrários à ideia de dispor da vida, não há como desconsiderar sua semelhança com o sacrifício de tantos mártires da humanidade que, em defesa de seus ideais e causas, chegaram ao extremo de perder a própria vida.

Para G. K. Chesterton, o mártir se preocupa tanto com alguma coisa além de si mesmo que se esquece de sua vida pessoal. Em suas palavras, o mártir é um portador de princípios e atitudes nobres "porque morre para que alguma coisa viva".

Nesse caso, o sacrifício acaba desencadeando um processo inescapável de interação, de corresponsabilidade, não só pela vida de uma pessoa, mas pela sobrevivência de valores basilares pactuados pela humanidade. É por isso que a política da não ingerência de um país nos assuntos internos de outro não pode significar a relativização de certos valores, mesmo que defendê-los possa nos criar alguns incômodos. Igualmente inaceitável é desqualificar o expediente e quem está expondo a ferida.

Uma forma de ser respeitoso e solidário é, às vezes, mostrar que nem sempre aqueles que são objeto de nossa lealdade estão certos. Nossa opinião sincera é também uma forma de lealdade.

Quando as contradições são empurradas para debaixo do tapete, em nome de quaisquer alinhamentos incondicionais, não existe parceria, e sim uma relação empobrecida de assimilação. Nesse caso, a cumplicidade mata, por inanição, a coragem para mudar e tornar o mundo melhor, onde quer que isso se coloque como desafio.

MARINA SILVA é Senadora (PV/AC).

domingo, 14 de março de 2010

Programa econômico de Marina

Projeto do PV inclui muito investimento e subsídios verdes


Economista vê "problemas sérios" nas finanças e defende meta de disciplina fiscal, como elevar gastos à metade da taxa do PIB
Para José Eli da Veiga, não existe viabilidade imediata para reforma tributária ou diminuição significativa da carga de impostos no país

MARCELO LEITE
COLUNISTA DA FOLHA
ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL


Especialista em sustentabilidade que se juntou à campanha de Marina Silva, José Eli da Veiga enxerga uma "bomba de efeito retardado" em preparação, "problemas sérios nas finanças públicas". Ele defende a adoção de uma meta de disciplina fiscal, como elevar gastos apenas à metade da taxa do PIB (se o país crescer 6%, a despesa poderia subir até 3%). "Não é um pensamento liberal, o próximo presidente terá de fazer."

Veiga não enxerga viabilidade imediata para reforma tributária ou redução significativa da carga de impostos. A ideia-força é utilizar tributos para desestimular atividades intensivas em carbono ou que prejudiquem o ambiente. Trata-se de "precificar" o carbono, ou seja, fazer com que atividades que produzam emissões de gases do efeito estufa -como a operação de usinas termelétricas- paguem um preço por isso.

A transição, porém, virá aos poucos. Afinal, já há muitas taxas e contribuições que incidem sobre o consumo de combustíveis. E a própria pré-candidata favorece o comércio de carbono, com adoção de limites para emissões e comércio de permissões para emitir, além do uso do poder de compra governamental para favorecer produtos com baixo carbono.

O Brasil tem de crescer, concordam os economistas em torno de Marina. "Precisa no mínimo 20% de taxa de investimento. Menos não tem cabimento" diz Veiga. O investimento estatal, no entanto, precisa ser revisto à luz da descarbonização, e não ficar subordinado às conveniências políticas e eleitorais, como no PAC.

"Todo país deveria ter um programa de aceleração do crescimento. É como soltar os leões", ilustra Ricardo Paes de Barros, do Ipea. "O que precisa, além, é domar os leões. Precisa de outro programa para converter crescimento econômico em crescimento humano."

Subsídios também devem ser empregados pelo governo para pôr a indústria e a agricultura na direção correta. Como fez Barack Obama, nos EUA em crise, ao exigir contrapartidas ambientais da indústria automobilística -e não dar "subsídio para compra de carro usado", como diz Alfredo Sirkis, coordenador da campanha de Marina, ou para pecuária.

"Nós queremos ser só um país exportador de commodities?" -questiona Guilherme Leal, provável vice. "Qual a nossa estratégia diante da China? Estaremos simplesmente atrelados ao crescimento chinês, sendo mais uma vez supridores de matérias primas básicas?"

O empresário não defende abandonar o atual modelo exportador, mas diz ser necessário parar para refletir. "É esse crescimento ilusório, que pode ser não sustentável e que a longo prazo pode comer a própria base de produção, que a gente questiona."

Um alerta de outro economista, Paulo Sandroni, baseado em uma experiência negativa dos EUA, é o endividamento da população que o governo permitiu. As medidas do governo Lula de expansão de crédito poriam em risco a estabilidade monetária: "O processo econômico também precisa ser sustentável, para não se cair na mesma armadilha de lá", diz.

Folha de São Paulo, 14/03/2010

Entrevista com Eduardo Giannetti

Para Giannetti, discurso econômico deve focar capital humano


Economista, cuja entrada na pré-campanha de Marina Silva foi criticada por aliados, rejeita rótulo de neoliberal e diz que se identifica mais com os clássicos

MARCELO LEITE
COLUNISTA DA FOLHA

O economista Eduardo Giannetti da Fonseca, 53, foi o pivô de uma pequena crise na pré-candidatura de Marina Silva (PV-AC) à Presidência. Sua aproximação com a senadora, revelada pela Folha, chegou a ser interpretada como uma guinada neoliberal da campanha em preparação e rejeitada por vários simpatizantes.

O ex-trotskista, autor de "Vícios Privados, Benefícios Públicos?", entre vários livros, abriu uma exceção para declarar seu voto em Marina Silva, atraído pela promessa de um modo novo de fazer política no Brasil. Quem o levou até ela foi o empresário Guilherme Leal, provável candidato a vice na chapa, um dos donos da Natura e criador do Instituto Arapyaú, que tem Giannetti em seu conselho.

FOLHA - Qual é seu papel, no momento, na pré-candidatura de Marina Silva e qual deverá ser no futuro? Vai se envolver diretamente em formulação de programa de governo?

EDUARDO GIANNETTI DA FONSECA - Esse processo está começando, tenho tido conversas frequentes com a senadora. Minha presença é complementar. Não tenho perfil executivo e nunca me envolvi em processo eleitoral. Nem sequer declarei meu voto, até hoje. Sou um virgem. Me animei com essa perspectiva porque Marina passa uma postura diferente no modo de fazer política. O Brasil não precisa ser uma cópia imperfeita do padrão americano. Eu me pergunto: se tudo der certo no Brasil, nós viramos um Estado empobrecido do sul dos Estados Unidos? É esse o nosso sonho civilizatório?

FOLHA - Sua contribuição deve ser mais em política macroeconômica?

GIANNETTI - Sim, mas não só. Na construção de um projeto de país que não submete tudo às decisões econômicas. Aumentar o PIB de qualquer maneira não seria a ambição desesperada de todas as nações.

FOLHA - Em setores próximos de Marina, sua presença na pré-campanha foi rotulada como neoliberal e não muito bem vista.

GIANNETTI - Não sei em que essa rotulagem contribui para o debate. Como pessoa que passou boa parte da vida estudando escolas de pensamento, sei da dificuldade de carimbar posições. Exemplo: uma ideia tão cara ao PT quanto renda cidadã é de um economista tachado de neoliberal, Milton Friedman. As pessoas usam esses rótulos achando que estão dizendo alguma coisa, quando nem sabem o que estão dizendo.

FOLHA - Elas querem dizer tucano.

GIANNETTI - Tucano seria social-democrata. Se quiserem discutir bandeiras ideológicas, vamos lá. Tem neoliberalismo austríaco, de Chicago, de Virgínia, tem o liberalismo clássico. Eu me identifico muito mais com os liberais clássicos, Adam Smith, John Stuart Mill, Alfred Marshall -que, aliás, foi quem trouxe o capital humano para a reflexão em economia.

FOLHA - Como o sr. enxerga o PAC e o pré-sal? O que precisaria mudar da perspectiva de uma candidatura com propostas ambientais?

GIANNETTI - Gostaria de ver o mesmo empenho que o governo Lula deu ao PAC dado ao capital humano. Embora o Brasil tenha problemas sérios de capital físico e infraestrutura, o grande desafio secular sempre foi a sua incapacidade de formar capital humano. O Brasil nunca vai se tornar um país civilizado ou desenvolvido porque descobriu petróleo ou fez uma nova usina hidrelétrica. Esse fetiche do capital físico é uma herança do processo de desenvolvimento brasileiro.

FOLHA - E o pré-sal?

GIANNETTI - Tenho muitas dúvidas técnicas sobre o pré-sal, sobre custo de produção, o preço do barril quando o pré-sal se materializar. É economia suja. O Brasil está querendo dar um passo maior que a pernas. Quer aumentar o investimento, o gasto das famílias e o gasto corrente do governo -tudo ao mesmo tempo. A conta não fecha. Se insistir, dois tipos de desequilíbrio começam a aparecer: pressão inflacionária e desequilíbrio nas contas externas. Se não quiser permitir que aflorem, vai ter de aumentar o juro, tirar o barril de chope quando a festa começa a ficar animada.

FOLHA - Qual seria a alternativa?

GIANNETTI - Vamos ter de enxugar o gasto do governo. E provavelmente pensar mais em crédito para formação de capital do que em crédito para o consumo das famílias. Vamos ter de aceitar algum sacrifício agora para melhorar o futuro.

FOLHA - É provável que o debate eleitoral volte a opor estatismo e privatização. Haverá espaço para questões socioambientais?

GIANNETTI - Esse debate tem de ser feito de maneira mais inteligente. O Brasil precisa de um Estado forte, mas enxuto. O que nós temos hoje, para usar expressão do Sérgio Abranches, é um Leviatã anêmico. O Estado brasileiro faz muitas coisas que não deveria e deixa de fazer coisas que deveria.

FOLHA - O que está errado?

GIANNETTI - O papel que o BNDES está assumindo é muito preocupante. Lula descobriu em seu segundo mandato uma mágica perigosíssima: transferir recursos de dívida pública para concessão de empréstimos sem que isso entre no cálculo de superavit primário. E escolhendo por critérios nem sempre transparentes os parceiros que vão receber benesses desse crédito subsidiado.

Folha de São Paulo, 14/03/2010

Propostas econômicas de Marina

Marina constrói "liberalismo sustentável"


Austeridade fiscal e descarbonização serão as prioridades do programa econômico verde, que prevê revisão de PAC e pré-sal
Economistas que apoiam a senadora acham que Estado é pesado e ineficaz e querem cortar gasto, mas prometem manter programas sociais

MARCELO LEITE
COLUNISTA DA FOLHA

ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL

O grupo de economistas e empresários que gravita em torno de Marina Silva, pré-candidata à Presidência pelo PV, considera o Estado brasileiro pesado e ineficiente e planeja cortar gastos. Rejeita, contudo, o rótulo de "neoliberal", que a senadora atribui à "satanização do debate". De formação de esquerda, Marina constrói um discurso econômico próximo a um "liberalismo sustentável".

A equipe descarta também a simbiose entre crescimento econômico e desenvolvimento que está na matriz do pensamento social-democrata -petista ou tucano. Para eles, crescer por crescer, sem "descarbonizar", é a receita do desastre.

"A necessidade de descarbonização das economias do planeta é inadiável, e obviamente o Brasil tem todas as condições de dar uma contribuição tanto na redução das emissões quanto no estabelecimento de um novo paradigma", diz a pré-candidata verde. "Acelerar não significa melhorar."

Não há ainda um grupo formal encarregado de formular um plano de governo. O alistamento de Eduardo Giannetti da Fonseca entre os apoiadores da pré-candidata do PV para a Presidência, contudo, lançou no ar a suspeita de "tucanização" da campanha.

A tese vem sendo reforçada pelas críticas verdes ao aumento das despesas correntes e à multiplicação de cargos comissionados no governo Lula. Os adeptos de Marina também não poupam o PAC e a euforia do pré-sal -críticas de "direita", se vistas da perspectiva dos ex-correligionários dela.

"Não estamos nem à esquerda nem à direita de Lula, mas à frente", rebate Alfredo Sirkis, vereador pelo PV no Rio e coordenador da pré-candidatura. "Queremos incorporar o que ele trouxe de bom e o que herdou de FHC. Não houve herança maldita, e o Lula sabe disso."

Num eventual governo do PV não haveria cortes em programas sociais como o Bolsa Família, apenas maior atenção para a chamada porta de saída (capacitação dos beneficiários).

O compromisso com austeridade fiscal seria evidenciado com medidas de impacto simbólico, como a extinção de pelo menos metade dos cargos comissionados de livre provimento, hoje em cerca de 23 mil.

Não se considera o Estado inchado, e sim "pouco republicano", nas palavras do empresário Guilherme Leal, da Natura, provável vice de Marina. Mas ele não quer nem ouvir falar em "Estado mínimo". "A discussão tem de ser eficiência e transparência do Estado, não tamanho", afirma Leal. "É inquestionável que o Estado tem de ser forte, indutor, regulador, provedor de serviços de qualidade." Além da Natura, Leal fundou o Instituto Arapyaú.

Não está definido ainda se o economista contribuirá diretamente com propostas para o programa de governo, que fica pronto em agosto. Pode ser que só se engaje em outro instituto, Democracia e Sustentabilidade, que congrega intelectuais próximos de Marina e será lançado em algumas semanas.

Há mais economistas e intelectuais dispostos a fornecer ideias para a campanha verde, mas não militância política. É o caso de José Eli da Veiga, da USP, especialista em sustentabilidade. Outros nomes já participam do grupo, como Sergio Abranches, sociólogo, Ricardo Paes de Barros, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada), Samir Coury e Paulo Sandroni, da FGV.

O ponto de convergência entre eles é a ideia de descarbonização. A ameaça do aquecimento global exige uma desaceleração do consumo de combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão), que lançam gases do efeito estufa na atmosfera e contribuem para aquecê-la.

Sem reduzir a emissão de carbono, não se pode falar em desenvolvimento, porque este não seria sustentável. Esse é o critério que definirá o sucesso ou o fracasso de toda economia nacional, portanto todo o debate econômico deveria ser prismado por ele. Nada a ver com o PAC e o pré-sal de Lula e de sua pré-candidata, Dilma Rousseff.

Folha de São Paulo, 14/03/2010

sexta-feira, 12 de março de 2010

Comentários do autor

Breves comentários sobre a semana que termina

O primeiro comentário é para lamentar a tragédia familiar e homenagear a memória do cartunista Glauco, assassinado juntamente com um filho de 25 anos, em sua própria casa, tentando defender sua esposa e outros filhos das ameaças de um usuário de drogas que costumava frequentar os cultos do Santo Daime que Glauco promovia em sua chácara, em Osasco. 

O segundo comentário é para comemorar a decisão do Ministro Juca Ferreira de solicitar a suspensão da sua filiação ao PV por um ano. Apesar da justificativa inverídica, de que estaria se afastando do PV por discordar de uma suposta aliança com o PSDB e o DEM, que não existe, seu afastamento é positivo, pois encerra um conflito interno que estava prejudicando a pré-candidata Marina Silva. A verdade é que Juca Ferreira não quer se desligar dos cargos ocupados no Governo Federal e no Governo Jaques Wagner, na Bahia. Para manter os cargos, precisa apoiar Dilma e a re-eleição de Wagner contra as candidaturas próprias do seu partido, o PV. Então, precisou inventar uma falsa divergência para justificar sua escolha. Acabou se antecipando aos fatos, pois o descontentamento do PV em relação ao seu comportamento era tanto que as propostas para sua expulsão estavam se acumulando na direção partidária.

O terceiro comentário é para louvar a recente disposição do Senador Cristovam Buarque (PDT) em colocar seu nome para uma possível candidatura de unidade das esquerdas contra a candidatura de Joaquim Roriz (PSC) ao Governo do DF. Isto ocorreu numa segunda reunião entre PDT, PSB, PCdoB, PPS, PMDB e PV. Cristovam vinha recusando a tarefa e declarando sua disposição apenas para uma eventual re-eleição ao Senado. Apesar do envolvimento direto de parlamentares e dirigentes do PPS e do PMDB no esquema de corrupção denunciado pela operação Caixa de Pandora, a convergência desses partidos no sentido de oferecer uma alternativa política ao DF que não seja a volta de Roriz merece ser acompanhada. Espero que não estejam apenas "valorizando o passe" para depois se colocarem como caudatários do PT, como sempre ocorreu no passado recente.

Juarez de Paula

segunda-feira, 8 de março de 2010

Artigo de Marina Silva

8 de março


O Dia Internacional da Mulher, celebrado hoje, é momento para colocar em foco não só as conquistas mas também as desigualdades que ainda afetam as mulheres. Essa comemoração, que completa cem anos, deve servir para reafirmar a busca pela igualdade entre os gêneros e o inestimável valor da contribuição feminina para a humanidade.

Não se pode ter um mundo sustentável, justo e democrático se permanecem as várias formas de opressão sobre mais da metade da população do planeta, formada pelas mulheres. Nunca é demais lembrar que homens e mulheres se complementam, mas essa que deveria ser a principal qualidade das relações de gênero é muitas vezes deixada de lado pela prevalência da cultura masculina da dominação.

Seria benéfico para todos se o olhar e a perspectiva feminina estivessem mais presentes na vida social e, especialmente, nos espaços públicos onde se tomam as decisões de interesse coletivo.

O Ibase identificou, no ranking do Índice de Gênero (IEG), pesquisado em 150 países, conforme dados da PNAD 2006, que o Brasil ocupa uma posição intermediária entre os melhores e os piores países nessa questão. São várias as causas pelas quais permanecem os obstáculos enfrentados pelas mulheres. Apesar do avanço no plano educacional -hoje elas têm, em média, mais anos de estudos do que os homens, mas não existe ainda igualdade na renda, nos cargos e salários e na representação política.

As desigualdades de gênero estão em todas as classes sociais, e se tornam mais dramáticas quando a renda diminui. Estudo recente realizado pelo economista André Urani mostra que, em 1993, havia 32,4 milhões de pessoas em condições de extrema pobreza no país, das quais 5,5 milhões viviam em domicílios chefiados por mulheres. Em 2008, o universo da extrema pobreza foi reduzido à metade (15,8 milhões), mas ficou praticamente inalterado (5,2 milhões) o número de pessoas nessa categoria em lares chefiados por mulheres.

Isso ocorre porque elas enfrentam a miséria em condições ainda mais adversas do que as outras famílias. Sozinhas, têm o desafio de dar educação aos filhos e livrá-los da fome e da violência, enquanto se desdobram em sua jornada dupla, com salários baixos e pouca ajuda do Estado.

As homenagens de hoje são justas e bem-vindas, mas o que todas as brasileiras esperam é, em primeiro lugar, uma vida digna, onde possam desenvolver suas potencialidades, bem como a de seus filhos e filhas, e, assim, construir um país melhor, mais justo, mais fraterno, mais feliz.

Marina Silva

Folha de São Paulo, 08/03/2010

sexta-feira, 5 de março de 2010

Impeachment de Arruda

Supremo nega habeas corpus e mantém prisão de Arruda


MÁRCIO FALCÃO
GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

Por nove votos a um, os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) negaram nesta quinta-feira o pedido de liberdade do governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), preso na Polícia Federal desde o dia 11 de fevereiro. Com a decisão, o governador permanecerá preso na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Impeachment de Arruda

Câmara do DF acolhe parecer favorável ao pedido de impeachment de Arruda


MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília

O governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), sofreu uma nova derrota nesta quinta-feira na Câmara Legislativa. Por 19 votos favoráveis e nenhum contrário, os deputados distritais aprovaram o parecer da comissão especial que pede abertura de processo de impeachment contra o ex-democrata.

terça-feira, 2 de março de 2010

A fila anda

Mais um deputado distrital renuncia

O deputado distrital Junior Brunelli (PSC), um dos que aparece nas gravações reveladas pela operação Caixa de Pandora recebendo dinheiro e fazendo uma oração de agradecimento, encaminhou carta-renúncia à Câmara Distrital do DF nesta tarde. É mais um que utiliza o recurso da renúncia para evitar a cassação do mandato, que o deixaria inelegível. Diferentemente de Leonardo Prudente (DEM), o primeiro a renunciar, Brunelli não fez afirmações de que não disputará as eleições de 2010.

Juarez de Paula


Pré-campanha de Marina Silva

Marina mira mulheres, cristãos e classes C e D


PV traça estratégia para dar visibilidade à senadora em segmentos populares do eleitorado, lembrando infância pobre e católica
Após gravar participações em programas populares na TV, pré-candidata viajará para Nordeste, onde visitará a Feira de Caruaru, em PE


MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL


As classes populares (C e D) e sobretudo o eleitorado feminino cristão são hoje alvos prioritários do PV na pré-campanha da senadora Marina Silva (AC) à Presidência da República.

Coordenadores da pré-campanha constataram que devido ao altíssimo grau de desconhecimento do eleitorado sobre a candidatura é necessário aumentar o grau de exposição de Marina neste segmento, no qual historicamente a penetração do PV é baixa.

Conforme dados da última pesquisa Datafolha, de fevereiro, 44% dos entrevistados não conhecem Marina. Entre os 56% que sabem quem ela é, 30% a conhecem "só de ouvir falar" e 19% "só conhecem um pouco". O melhor desempenho de Marina é entre o eleitorado com curso superior (13% das intenções de voto) e o que recebe de cinco a dez salários mínimos (11%). Os piores índices são justamente entre os eleitores com ensino fundamental (7%) e rendimentos de até dois salários mínimos (8%).

A estratégia do PV explica a participação de Marina na semana passada nos programas de Ratinho e de Netinho, do SBT, e ontem à noite no programa católico de Gabriel Chalita, na TV Canção Nova. Nestes programas, ela tem falado sobre a biografia, as dificuldades da infância e adolescência, os elos com a religião católica -seu sonho era ser freira -, e sobre como enfrentou preconceitos de gênero na família.

"Que diferente", reagiu Netinho, no programa Show da Gente gravado na semana passada, ao saber da ambição juvenil de Marina, hoje evangélica.

A pré-candidata viajará no final do mês a Pernambuco e Rio Grande do Norte, onde participará de eventos populares, como a Feira de Caruaru. Visitará ainda Nova Jerusalém e Garanhuns, terra natal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Marina tem bom acesso a mulheres pobres, um segmento no qual o PV nunca sonhou chegar nem perto, se identificam com ela por sua história, sua vida cristã", disse o vereador Alfredo Sirkis (PV-RJ), coordenador-geral da pré-campanha. Segundo ele, a candidatura de Marina apresenta potencial de crescimento, especialmente neste segmento. "É um eleitorado extremamente fiel, uma vez conquistado. Não está sujeito às oscilações da classe média, que tem voto estratégico e volátil", explicou.

Para o ex-deputado Luciano Zica (PV-SP), responsável pela definição da agenda da pré-candidata, "Marina tem tudo a ver com as classes C, D e E". "É a origem dela", disse. O objetivo central ao definir a agenda, afirmou Zica, é a necessidade "de expor Marina ao maior volume de pessoas, de todas as classes".

"Minha avó sempre dizia: bicho de perna curta corre na frente", contou Marina, semana passada, ao sair do estúdio do SBT. Ela disse não ter a mesma exposição midiática que os rivais Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). Ao fim do programa, Netinho disse o que o PV almeja: "Você é uma grande inspiração para mim e para quem veio de baixo".

Folha de São Paulo, 02/03/2010.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Marina na RedeTV

Kennedy Alencar entrevista a senadora Marina Silva

A senadora Marina Silva voltou a declarar seu apoio à intervenção federal no DF: "Precisamos ter responsabilidade com a cidade. Nesse caso, sou a favor da intervenção."

Assista à entrevista concedida por Marina Silva ao comentarista político Kennedy Alencar, na RedeTV, no domingo 28/02/2010.

link: http://www.redetv.com.br/jornalismo/enoticia/