sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Explicando a crise política no DF - 2

Roriz é o roteirista do filme de Durval


João Bosco Rabello


Ainda que sujeita a idas e vindas (a batalha jurídica só começou), a prisão do governador José Roberto Arruda já é um divisor de águas na história política brasileira, caracterizada pela impunidade que levou a classe política ao mais baixo nível de descrédito na última década.

Para consumar a prisão do governador foi necessária uma operação político-jurídica sem precedentes. Ordem dos Advogados do Brasil, Procuradoria-Geral da República e Superior Tribunal de Justiça se uniram para viabilizá-la, depois de concluir que não havia mais como Arruda exercer a autoridade de que estava investido.

Contribuiu para esse desfecho o impacto das imagens de corrupção.

Vê-la foi mais forte que sabê-la.

O episódio é desmerecedor e não traz felicidade. Mas deve ser comemorado pela inédita reação do Poder Judiciário a um processo de assalto ao Estado, protagonizado por um governo que agia com a desenvoltura própria dos que se sentem inatingíveis.

Em Brasília instalou-se no poder, desde o segundo mandato de Joaquim Roriz, em 1991 (o primeiro por eleição direta), um grupo ao qual José Roberto Arruda pertence desde o primeiro momento. Ele foi secretário de Obras do governo Roriz.

O esquema foi avançando por outras instituições, cooptando integrantes de outros Poderes, entrou pela Câmara Distrital, pelo Judiciário local, arrebanhou o empresariado, parte da polícia, e consolidou-se com um forte esquema de publicidade para toda a mídia regional.

Ficou vulnerável pela briga interna entre os chefes das facções, ou seja, Joaquim Roriz - o criador - e José Roberto Arruda - a criatura.

Os vídeos de Durval Barbosa, o policial do esquema (não é o único), são encomenda de Roriz. A decisão de exibi-los idem.

Roriz tem o controle porque Arruda, na eleição que dizia ter ganho "por dentro", absorveu em sua equipe seus principais operadores.


O Estado de São Paulo, 12/02/2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário